Estou entendendo melhor sua posição, mas você não pode mesmo querer aplicar teu raciocínio sobre gato, sobre Grandes Primatas, que foi o exemplo que vc deu.
As diferenças entre nós e Grandes Primatas são mínimas, embora sejam diferenças que tenham gerado grandes diferenças externas, como a civilização humana.
Por exemplo, os chimpanzés têm uma tendência que poderia levá-los a desenvolver uma religiosidade animista, e isto significaria valores, padrões morais específicos, etc., inclusive pq eles se comunicam muito bem através de sinais e gritos.
Essa tendência é basicamente a contemplação veneradora que chimpanzés têm diante de rios e corpos dágua em movimento, que parecem estar parados ao mesmo tempo; que dão água e mesmo assim nunca se esvaziam. Isto maravilha os chimpanzés e os leva a passar horas tocando a água, vidrados; a executar padrões repetitivos, praticamente ritualizados, em volta do rio.
Como é que isso não se desenvolve numa religião como as animistas mais primitivas que os homens pré-históricos tinham? Apenas pq os grandes primatas não-humanos não têm TRADIÇÃO DE ENSINO. Eles aprendem bastante uns com os outros, mas através da tradição de imitação; não aceitam coisas apenas pq estas foram lhe passadas por alguma figura de autoridade. Num experimento básico sobre isso, você ensina uma criança humana a mexer numa máquina que irá soltar doces. E ensina uma série de mecanismos que são inúteis... mexer alavancas, roldanas, etc. até que o doce fique livre. MESMO QUE a criança veja a mesma máquina transparente, com o mecanismo mais fácil óbvio, ela vai mexer nos mecanismos inúteis primeiro, como lhe foi ensinado.
Os grandes primatas não-humanos, não. Assim que a máquina seja substituída por uma máquina transparente, ele nota a inutilidade dos primeiros gestos e vai direto pro que interessa: o doce. Assim, seria quase impossível que macacos doutrinassem uns aos outros, mesmo tendo linguagem rudimentar. E isso é um dos requisitos para que haja uma civilização como a humana.