Autor Tópico: Capitalismo Selvagem  (Lida 57723 vezes)

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Offline crudebuster

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Capitalismo Selvagem
« Online: Dezembro 05, 2012, 12:18:45 am »
Em nome de Allah, clemente e misericordioso! Allah Akhbar! Scotland forever!

Faz alguns anos, antes de eu ser o pervertido chato e escroto que sou, eu achava que iria encontrar produtos que me auxiliassem a entender melhor o mundo.

Sou de 1980, logo boa parte do que vi foi a enxurrada do pós-ditadura, livros, gibis, RPGs, tudo que já vinha se amontoando no meu imaginário para ser o pano de fundo dos anos a seguir.

Por algum motivo, muita coisa eu comecei a detestar. Não pela qualidade da mídia -- papel e tinta não eram coisas exatamente da melhor qualidade -- mas pelo teor das informações.

Entretenimento deveria ser uma coisa sadia. Mas já me desiludi, coisas não são feitas pensando-se nisso. São pra vender brinquedo, vender fitas de vídeo, influenciar assinaturas.

As poucas coisas que não o são sofrem tristes fins, tachadas então de fracassos comerciais.

Histórias repetitivas que a novos produtos se adaptam e renovam, e dessa forma parece que todos os heróis ainda estão em suas mesmas idades, levando suas vidas do mesmo jeito que nós.

Histórias que contavam morais ultrapassadas e ruins são repintadas e recontadas, adaptadas por vezes de maneira tosca e apressada, porque há prazos a cumprir.

E derrepente, o padrão é esse, estadunidenses continuam com seus mesmos heróis do pós-guerra sendo reciclados a duras penas, raramente algum escritor ou artista de modo geral consegue sair debaixo do rolo compressor do fracasso comercial e sobrevive, vendendo bonecos, canecas e camisas, sorrindo pras fotos e entrando pra história.

Muitos desses caras eram fãs que desejaram subir ao Olimpo de seus autores, descobrindo que na verdade são purgatórios, e seus autores tem de pagar contas e cumprir prazos, ou então acabam é na rua.

Posto isso, vamos ao mercado oriental dos mangás.

Uma pessoa solitária encarregada de escrever, desenhar e publicar seu trabalho em uma revista que agregue vários outros trabalhos, de acordo com as normas de público estabelecidas durante décadas (vide "Even a Monkey can draw Manga"), e todo esse esforço é feito do jeito que dá, em papel vagabundo, pra ser jogado fora como jornal, são otakus os desesperados que colecionam isso num país onde espaço pra morar é foda de caro pra manter.

Não escapa à mesma regra estadunidense, tem de vender muito, fazer bonecos, canecas, calcinhas, etc, etc pra poder pensar em virar desenho, ser distribuído globalmente, virar top of mind, meme, mania nacional.

Até aí eu não posso negar que o mercado se auto-regule, já que quem consome essas coisas na maior parte do tempo procura algo que agrade e ignora o resto, vira uma seleção natural capitalista...

Com a abertura do mundo digital muita coisa acaba aparecendo, gente achando outros meios de divulgar seu trabalho, é tudo muito bom e legal.

Até que derrepente, um produto não seja mais uma idéia a ser encarada como um preço por um pouco de papel, plástico e tinta ou de energia elétrica, uma mera taxa de acesso a conteúdo, mas algo mais, algo que transcenda essa banalidade.

Olha, não sou contra vender coisas ruins, a apelação insensata e cínica está presente em todos os mercados.

Não estou nem mesmo defendendo o que consumo, mesmo se a intenção sincera e honesta foi ser um lixo que não vale nem o papel em que foi impresso mas vende bonecos.

Ou uma história que se arrasta sem sentido, cheia de momentos que deveriam ser para situar melhor personagens, ou resolver conflitos, ou o diabo que for, mas acabam virando "filler", sem sentido, sem noção, sem conteúdo...

Ou ainda mais odioso, reboots ad infinitum, pra vender um gibi onde o herói morre, ou alguns de seus pilares de caráter são fraturados, o tutano extraído e moído pra fazer geléia, e então duas semanas depois ele volta ao seu rumo original, como se nada tivesse acontecido, talvez tenha mudado o corte de cabelo e só, "status quo is god", como o TVTropes diz.

Nesse ponto acho que o mercado japonês acerta: São raros os heróis que sobrevivem aos seus mangás. Acabou a saga, findou, fulano morreu, ou foi pro inferno, ou casou, que se dane, fim e vamos pro próximo. Moral? Sei lá, você que entenda. Bola pra frente.

Algumas vezes a coisa vai pro lado do comercial mesmo, o produtor manda fazer o Z, o ZZ, o G, e o autor já não aguenta mais mas não consegue sair daquilo que lhe paga as contas, ou pior ainda, fica viciado em contar a mesma história renomeando os personagens e fazendo novos bonecos...

Mas aí a coisa ainda flutua no mar do entretenimento insano. Você está pagando pra ver Seiya meter a porrada mais uma vez no diabo, o homiaranho estapear o venão, o superhomi voar de cueca por sobre as calças mais uma vez agora em HD.

Pra mim, a coisa desanda quando a "moral" acaba mesmo ficando totalmente pra escanteio, e o entretenimento emporcalha-se com isso.

Eu parava pra ver "Os Cavaleiros do Zodíaco", mas não consigo mais porque virou "Seiya é foda e não precisa de ninguém pra vencer mas todo mundo vai fazer tudo pra que isso aconteça".

Muito menos "O homiaranho, o Batimão, o Besouro Azul, PQP não podem matar um assassino pra salvar ninguém porque matar é errado, e ele vai se soltar, voltar e matar mais gente, e DANE-SE, SE VOCÊ ACHA QUE NÃO, COMPRE O 'E SE' QUE MOSTRA ELE MATANDO E VIRANDO UM LUNÁTICO POR CAUSA DISSO".

Tem coisas que me deixam pasmo. Por exemplo, recentemente eu vi um anime que trata de pessoas amaldiçoadas. Uma garota amaldiçoada, que possui vários instrumentos de tortura que o desenho faz questão de mostrar que são mesmo pra isso, ela é traumatizada e quer se recuperar porque ela foi feita pra isso...

Ela nem pestaneja quando está pra estripar um inimigo, ela ri e se refestela com gritos e dor alheia, sádica mesmo.

Mas fica toda envergonhada porque falam dos peitos pequenos dela, ou que ela tem medo de aranhas.

Enquanto séries estadunidenses fazem a maior força, sofrem remakes e chamam pessoas perturbadas e dementes como Frank Miller pra ser sombrias e violentas, a porra do anime consegue ser hiperviolento só de sacanagem, mas pondo coisas bobas na conta da protagonista pra caracterizar.

Acho que é como se o Coringa, depois de o Batman arrebentar a cara dele de porrada num beco escuro, disesse que o Batman estava de pau duro ou coisa que o valha e o Batman ficasse corado, porque quando ele corre atrás da mulher-gato o morcego nem sobe no teto.

Enfim, são estilos narrativos, gêneros, coisas diferentes, maneiras de fazer a coisa andar, por mais boba que seja.

Não são tosquices como "Wolverine é namorado do Hércules agora", "Colossus é namorado do Noturno agora", "O homideferro puxa o campo magnético de Júpiter por uma rede de satélites e joga ímãs de neodímio no Magneto pra contrabalançar o poder dele" (meu deus, acho que deve ser pré-requisito não entender de porra nenhuma de qualquer coisa que requeira mais de cinco minutos de pesquisa pra ser argumentista na Marvel, essas coisas levam ANOS pra ser desmentidas, tem gente que acha mesmo que dá pra fazer isso)...

Eu aceito o Liefeld desenhar mulheres com colunas vertebrais tortas como harpas (ou até mais), pessoas não saberem de que jeito estão segurando armas ou mesmo que tipo de movimento estão fazendo na transição de um quadro para outro ou ainda caras tão musculosos que não tem pescoços ou axilas; Isso é hilário.

Eu não estou pintando um diabinho chamado capitalismo que faz as pessoas escreverem e desenharem coisas retardadas e sem sentido porque paga suas contas.

Eu estou dizendo que coisas sem sentido mesmo quando vendem bem, continuam sendo sem sentido.

E coisas assim são ruins. Ou será que não são mais e o lucro rege a validade de suas noções?

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Offline Atmo

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #1 Online: Dezembro 05, 2012, 12:37:47 am »
Tipo, é pra falar algo depois desse discurso/desabafo? Foi tanto tapa que tu mandou daí que eu tive de me proteger embaixo do sofá pra não levar 3 ou 5.

Hoje em dia tem aquela coisa da "modinha" que, talvez, você esqueceu de citar, e de outra coisa que essa mesma "modinha" destrói: o sentimento underground. Quando só você conhece aquela coisa e mais um "monte" de gente (menos de 20 pessoas), é algo espetacular. Quando vai pra grande mídia acaba sofrendo cortes, adaptações toscas e emburrecimento do material. Você, que percebe a cagada que fizeram e se prontifica a apontar, é chamado de hater pelas crianças e new-types que acabaram de conhecer tal obra, sendo renegado á escuridão e ignorância.

Pelo que vejo hoje, histórias boas só existem em nossas cabeças. Quando vão pras grandes telas, viram lixo.
Narrando:
OVA: The Anime Role-Playing Game, 3D&T, Double Cross.

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #2 Online: Dezembro 05, 2012, 01:12:02 am »
Toda essa reclamação pode ser resumida em: Empresas de entretenimentos tentam agradar a maioria de seus potenciais clientes, não uma minoria com gostos idiossincráticos, que se orgulha de seu status minoritário e costuma a ter surtinhos se algo que realmente gostam atinge o mainstream ou um status mais próximo do Pop.

Ou seja, Síndrome de fã de Black Metal, Jazz Progressivo ou Indie Rock.
« Última modificação: Dezembro 05, 2012, 01:15:23 am por YHVH Tzevaot »

Offline Atmo

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #3 Online: Dezembro 05, 2012, 01:23:07 am »
Toda essa reclamação pode ser resumida em: Empresas de entretenimentos tentam agradar a maioria de seus potenciais clientes, não uma minoria com gostos idiossincráticos, que se orgulha de seu status minoritário e costuma a ter surtinhos se algo que realmente gostam atinge o mainstream ou um status mais próximo do Pop.

Ou seja, Síndrome de fã de Black Metal, Jazz Progressivo ou Indie Rock.

Quando esculhambam a obra de forma que o que era original e interessante se torne mais um aperitivo às massas, enlatado e classificado, sim.
Narrando:
OVA: The Anime Role-Playing Game, 3D&T, Double Cross.

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #4 Online: Dezembro 05, 2012, 01:27:42 am »
Citar
Quando esculhambam a obra de forma que o que era original e interessante se torne mais um aperitivo às massas, enlatado e classificado, sim.

Claro, porque  o invés de tentar agradar e alcançar a mais pessoas, deve-se focar de uma auto intitulada "elite de bom gosto" que repudia praticamente qualquer coisa que não se encaixe em seu gosto altamente estrito e que tem por hábito passar muito do seu tempo em masturbação mútua de quão acima das "massas amorfas".

E eu não sabia que fazer isso destrói ou impede o acesso a obra original. Vamos sacralizar agora o que foi feito no passado, nada fazendo a eles senão deixá-lo em sua forma original? Que coisa mais religiosa.

Tem certeza que estamos falando de entretenimento, e não de uma forma peculiar e secularizada de fé?  :)
« Última modificação: Dezembro 05, 2012, 01:30:32 am por YHVH Tzevaot »

Offline Lumine Miyavi

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #5 Online: Dezembro 05, 2012, 01:29:57 am »
Quando esculhambam a obra de forma que o que era original e interessante se torne mais um aperitivo às massas, enlatado e classificado, sim.
Eu não sei quem te enganou que as obras originais NÃO são destinadas para as massas, ou que uma "elite iluminada" sustente uma reviste.

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Offline crudebuster

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #6 Online: Dezembro 05, 2012, 01:31:04 am »
Ué, eu estapeei alguém? Estou contando a minha visão e como cheguei nela, para que não pareça um troço bem "não é assim do jeito que eu gosto e todo mundo tá errado nessa porra, bando de retardados do caralho". Isso seria bobo, né.

Mas aí, no caso do "underground", da contra-culltura e afins o capitalismo entra em ação brutalmente.

Não é errado a princípio pois é da natureza do capitalismo ser assim, compra quem quer. Modinhas vão e vem, e se renovam, aí também é querer demais impedir que mais gente compartilhe do mesmo gosto.

O que é mais irônico, é que mesmo os heróis que vão contra historicamente acabam virando produtos.

Camisa do Che, da águia de duas cabeças czarista, foice e martelo, boina, ... "os produtos anti-capitalismo estão vendendo bem", li nos Malvados certa vez.

Estão vendendo um estilo de vida fictício, ué. Isso não é crime, é cômico.

O problema mesmo de certas coisas virarem caricaturas vendáveis de si mesmas é que o mais importante é que venda, já que a mensagem, a moral, o ensinamento eventual nos produtos de massa é completamente descartável para o capitalismo.

Isso não é ruim, é triste. Mas às vezes algo vaza.

Sabe aquela cena do Batman que os dois barcos, um com civis e outro com presidiários tem controles com botões pra explodir um ao outro e uma hora definida para decidir e um negão enorme pega e joga o controle fora dizendo "era isso que deveríamos ter feito desde o início". Aquilo foi foda.

[sarcasmo]
O capitalismo se tornou algo mais poderoso que religião, que necessidade biológica, que quase tudo... Você estuda para ter um bom emprego, uma carreira brilhante e obter coisas que você deseja porque propagandas te dizem que são boas, e elas convencem bem disso.

Carro, mulher, iate, perfume, mulher, mansão, férias na Europa, pistolão.

Seus sonhos precisam de muito dinheiro pra ser realizados, e para obtê-lo você tem de se render ao sistema.

Sua vida depende disso, você não pode viver fora, ser um eremita, um louco, um basbaque que não acredita no poder e glória que só muito dinheiro pode lhe trazer sem culpa nem compromisso com mais ninguém senão você mesmo.

Amor, sexo, tudo tem seu preço, tudo tem seu valor, tudo é uma questão de quantidade. Uma virgindade? Peitos maiores? Beijo na boca de língua com direito a orgasmo não-simulado? Mas é claro!

Seria injusto se não se pudesse trocar seu esforço, anos de sua vida por uma boa carreira e um contracheque cheio de zeros à direita por uma mulher gostosa e toda uma vida de luxo, luxúria e riqueza, ou se você for modesto, apenas o melhor para sua família.

Por conta disso Steve Jobs é um herói que morreu podre de rico e de câncer no pâncreas e o mundo deve agradecer e se prostrar por ter existido e seus filhos devem copiar, e uma pessoa altruísta como Albert Sabin que cedeu os direitos da vacina da poliomielite ao mundo de graça após anos de pesquisa é um "quem morreu em 1993 de ataque cardíaco?".

[/sarcasmo]

Toda essa reclamação pode ser resumida em: Empresas de entretenimentos tentam agradar a maioria de seus potenciais clientes, não uma minoria com gostos idiossincráticos, que se orgulha de seu status minoritário e costuma a ter surtinhos se algo que realmente gostam atinge o mainstream ou um status mais próximo do Pop.

Ou seja, Síndrome de fã de Black Metal, Jazz Progressivo ou Indie Rock.

Nem precisava vir aqui defender o status quo, cara, isso até eu já superei, o atmo deve levar uns anos mais. :)

Não tenho raiva dos produtos que vendem mas não me agradam, pra me desmanchar em elogios defendendo outros, isso seria uma babaquice, são os dois lados da mesma moeda.

Digo que todo produto que me desagrada por expor essa faceta do "tem de vender de qualquer maneira, se não está vendendo é uma merda, põe uma controvérsia aí pra vender mais, recicla esse personagem aqui, bota lá um casal gay", etc, é ruim, pois se nem mesmo sua própria estrutura se sustenta com o passar dos anos, se prostitui da maneira mais vulgar para agradar mais, esse produto não vale porra nenhuma.

Se renovar != Se prostituir por mais público. É uma linha muito fina.

Até mesmo os produtos prostituídos podem ter sua apresentação melhorada, possívelmente melhor que o original, não descarto essa possibilidade.

Discursar aqui que é rusga de metaleiro não gostar de coisas novas é o argumento básico, se não puder opinar adiante, ou singularmente gostar de tudo que aparece-lhe na frente sem exceções, acho que temos um construto replicante com sinapses defeituosas logado. ^_^

Desenvolva, homem! Estamos opinando aqui. É pra ser subjetivo mesmo, não há axiomas nesse âmbito.

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Offline Lumine Miyavi

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #7 Online: Dezembro 05, 2012, 01:41:37 am »
Em pleno 2012, é sério que camisa de Che é contra-cultura?

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Offline crudebuster

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #8 Online: Dezembro 05, 2012, 01:48:49 am »
Em pleno 2012, é sério que camisa de Che é contra-cultura?

Pois é, sabe que um colega meu uma vez apareceu com uma jaqueta da Nike com a camisa do Che por baixo, fumando Lucky Strike.

Não faço idéia de como o Che reagiria mas certamente é contra qualquer coisa que ele tenha desenvolvido.

É uma merda.
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Offline Sampaio

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #9 Online: Dezembro 05, 2012, 04:31:15 am »
Adaptando a resposta do Elfo ao nosso contexto: síndrome do fã de Storyteller, AD&D, Star Wars V, etc.

Offline crudebuster

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #10 Online: Dezembro 05, 2012, 04:36:43 am »
Adaptando a resposta do Elfo ao nosso contexto: síndrome do fã de Storyteller, AD&D, Star Wars V, etc.

Adaptando a minha resposta: Síndrome do cara-que-acha-que-já-viu-tudo, ele-não-gosta-porque-é-novo, etc.

Putz, parece até que postei pra reclamar de GURPS Quarta Edição, de D20 novo, de sequelas de sucesso que não gostei...

Mas acho que as vossas excelências estão muito ocupadas não lendo o que eu disse pra notar isso e pegaram o Atmo pra cristo dessa vez.

Pega leve com o garoto, ele ainda está na idade. Pelo menos desenvolvam o argumento, se é pra defender o status quo não precisavam tê-lo feito, já que eu mesmo o fiz.
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Offline Skar

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #11 Online: Dezembro 05, 2012, 06:32:09 am »
O vício maldito da spell primeira coisa que faço ao acordar enrar aqui e no email.

Tópico sobre capitalismo, pq eu achei que seria algo menos eu gosto assim e não gosto assado.   :(

Resposta geral.

Vamos começar a discussão pelos mercados que vc está comparando o editorial japonês e o americano. Nessa parte vc peca de uma maneira um tanto como problemática, pela razão que vc não está fazendo uma comparação entre os públicos semelhantes. Um erro que cometia a quando falava da diferenças entre comics e mangas tbm, então tenho um pouco de entendimento de onde vc vêm.

Perceba que os japoneses tem seus super amigos e sua liga da justiça séries que tem como única finalidade agradar ao um público vasto Naruto, One Piece e Bleach são o exemplo perfeito disso. Consigo achar praticamente todos os cliches que vc vê em comics dos X-Men nesses mangas. Claro existem diferenças bem colocadas a forma como a morte é apresentada em cada um deles muda de figura, mas no final eles são a mesma coisa.

Por entidades metafisicas que não sei se existem, num arco de Naruto o vilão principal taca uma mini bomba nuclear que mata metade do elenco, para 5 capítulos depois dizer "pegadinha do malandro". Nos X-man quando morre alguém ou faz alguma mudança série se diz que é da terra 666 ou caralho a quatro.

Os dois são enlatados editoriais que vendem. As pessoas gostam de ver certos personagens e enquanto eles estiverem fazendo sucesso é papel das editoras continuarem a publicar, simplesmente por que elas precisam de dinheiro para se manter no mercado.

Então vamos comparar os mercados editorais de uma forma justa, ou vc acha realmente que o anime sobre a garota que tortura ou Bakemonogatari são animes que são para o público em geral. Pegue os quadrinhos do Sandman que são obras de artes, ou V de vingança isso por que nem entro no mérito de certas edições dos heróis cliches que são lindas de se ler. Temos Dresden files sendo adaptado para comics, atualmente diversas webcomics tbm vem fazendo encartes com seus números.

A comparação tem que estar nesse meio. Pela simples razão que é para um público especifico que gosta de coisas mais estranhas. Tem pessoas que preferem ouvir Avantasia  outros preferem o Edguy   :blink:, cada um tem seu próprio mal gosto.

Resposta para pontos mais específicos.

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Digo que todo produto que me desagrada por expor essa faceta do "tem de vender de qualquer maneira, se não está vendendo é uma merda, põe uma controvérsia aí pra vender mais, recicla esse personagem aqui, bota lá um casal gay", etc, é ruim, pois se nem mesmo sua própria estrutura se sustenta com o passar dos anos, se prostitui da maneira mais vulgar para agradar mais, esse produto não vale porra nenhuma.


Sabe o que acontece quando eles não se adaptam a nova mudanças? Eles simplesmente quebram. Sabe o que vai acontecer com a obra que não se prostitui nem nada? Irá ser esquecida. Os contos tem que ser renovados nem que seja pela simples razão de virem a trazer interesse pela obra original.

Diversas pessoas depois de verem Constantine, se interessaram pela obra e foram procurar os quadrinhos. Pergunta pro elfo quanto de Constantine existe no filme?
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Offline crudebuster

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #12 Online: Dezembro 05, 2012, 11:21:13 am »
O vício maldito da spell primeira coisa que faço ao acordar enrar aqui e no email.

Tópico sobre capitalismo, pq eu achei que seria algo menos eu gosto assim e não gosto assado.   :(

Resposta geral.

Vamos começar a discussão pelos mercados que vc está comparando o editorial japonês e o americano. Nessa parte vc peca de uma maneira um tanto como problemática, pela razão que vc não está fazendo uma comparação entre os públicos semelhantes. Um erro que cometia a quando falava da diferenças entre comics e mangas tbm, então tenho um pouco de entendimento de onde vc vêm.

Perceba que os japoneses tem seus super amigos e sua liga da justiça séries que tem como única finalidade agradar ao um público vasto Naruto, One Piece e Bleach são o exemplo perfeito disso. Consigo achar praticamente todos os cliches que vc vê em comics dos X-Men nesses mangas. Claro existem diferenças bem colocadas a forma como a morte é apresentada em cada um deles muda de figura, mas no final eles são a mesma coisa.

Por entidades metafisicas que não sei se existem, num arco de Naruto o vilão principal taca uma mini bomba nuclear que mata metade do elenco, para 5 capítulos depois dizer "pegadinha do malandro". Nos X-man quando morre alguém ou faz alguma mudança série se diz que é da terra 666 ou caralho a quatro.

Os dois são enlatados editoriais que vendem. As pessoas gostam de ver certos personagens e enquanto eles estiverem fazendo sucesso é papel das editoras continuarem a publicar, simplesmente por que elas precisam de dinheiro para se manter no mercado.

Então vamos comparar os mercados editorais de uma forma justa, ou vc acha realmente que o anime sobre a garota que tortura ou Bakemonogatari são animes que são para o público em geral. Pegue os quadrinhos do Sandman que são obras de artes, ou V de vingança isso por que nem entro no mérito de certas edições dos heróis cliches que são lindas de se ler. Temos Dresden files sendo adaptado para comics, atualmente diversas webcomics tbm vem fazendo encartes com seus números.

A comparação tem que estar nesse meio. Pela simples razão que é para um público especifico que gosta de coisas mais estranhas. Tem pessoas que preferem ouvir Avantasia  outros preferem o Edguy   :blink:, cada um tem seu próprio mal gosto.

Resposta para pontos mais específicos.

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Digo que todo produto que me desagrada por expor essa faceta do "tem de vender de qualquer maneira, se não está vendendo é uma merda, põe uma controvérsia aí pra vender mais, recicla esse personagem aqui, bota lá um casal gay", etc, é ruim, pois se nem mesmo sua própria estrutura se sustenta com o passar dos anos, se prostitui da maneira mais vulgar para agradar mais, esse produto não vale porra nenhuma.


Sabe o que acontece quando eles não se adaptam a nova mudanças? Eles simplesmente quebram. Sabe o que vai acontecer com a obra que não se prostitui nem nada? Irá ser esquecida. Os contos tem que ser renovados nem que seja pela simples razão de virem a trazer interesse pela obra original.

Diversas pessoas depois de verem Constantine, se interessaram pela obra e foram procurar os quadrinhos. Pergunta pro elfo quanto de Constantine existe no filme?

Mas eu não estou comparando mercados justamente porque a aproximação e temas que agradem ao público são tratados de maneira diferente, dizer "é tudo enlatado porque quer vender" é tão burrice quanto "é tudo uma merda e eu não gosto porque vende"; Estou criticando esse "TEM QUE VENDER, ESSE É O OBJETIVO, VALE TUDO".

Eu soube que Constantine seria "americanizado" pra virar filme e fãs iriam odiar isso, porém foi feito e vendeu, e bola pra frente. ameaçaram fazer o mesmo com Harry Potter mas não foi necessário, aparentemente.

Será que é isso mesmo? Toda obra tem por obrigação se prostituir de qualquer maneira, apelando pra sexismo, anacronismo, enfim, até mesmo a bandeira do indie está se tornando algo do gênero, disputando mercado com produtos que seguem essa regra pétrea de consumo e caindo nos mesmos vícios.

E o resto vira "arte", "estranha", "para poucos", uma versão bizarra, inversa do que criticamos pra ser um "só presta se não vende"!?

Peraí. Isso não está certo. Não é isso que eu entendo. Não é o maldito hipsterismo, o que justamente corrompe a idéia original para que fique "inteligível" para uma maioria "entendida" e então venda mais, gerando um falso "é para poucos mas vende muito".

Clichês não são ruins por existirem e ser utilizados à exaustão, isso é tolice. Pô, não estou me fazendo entender e passando por crítico genérico que detesta o que está vendendo muito porque é uma versão estragada do que seria "bom", "puro"...

Deixa eu repetir a questão: O lucro rege a validade das noções de qualquer produto de massa?

Se você concorda que é ruim, que não é honesto e não vale usar qualquer meio necessário para manter um produto vivo porque podemos estar perpetuando coisas medíocres, editores sem escrúpulos, dispostos a qualquer coisa, daí podemos continuar.

Não são só os enlatados, os "de massa", os "pegadinhas do malandro". Isso passa do limite do entretenimento supérfluo, para produtos que sofrem regulações por não poder mentir descaradamente para o consumidor, como alimentos, medicamentos, bens de consumo.

O critério é muuuuito subjetivo, ninguém vai deixar de vender X-men porque depois de um ano se for uma merda, não vender bem e o Wolverine deixar de ser homossexual, isso não vai matar ninguém. Talvez o articulista, mas isso é seleção natural do setor.

Catso, o Atmo ferrou com o argumento e tenho de me repetir porque parece agora que sou um metaleiro nostálgico.

Os anos 80 tiveram muita coisa escrota sim, eu compreendo perfeitamente que idéias tiveram de se adaptar para se manter vivas, ao custo de muita pagação de mico, e muitas falharam.

Mas delas, nem todas foram coisas não apelativas, não desesperadas, feitas de qualquer jeito pra dar um fôlego para suas franquias.

O que eu quero saber é se na opinião de vossas senhorias APELAÇÕES SÃO COISAS VÁLIDAS OU NÃO.

Pode ser ou vou ter de encarar mais uma crítica genérica e desnecessária pra caralho me explicando que capitalismo tem que vender e mais gente gosta de coisas que não gosto como se eu estivesse chorando de ódio porque Naruto vende?




deve ser muito estranho ser normal

Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #13 Online: Dezembro 05, 2012, 11:37:39 am »
Pra mim isso é babaquice. Quer dizer que você aproveita de forma diferente dois produtos iguais se forem criados com intenções diferentes? Se 'A' foi criado especialmente para vender em um certo mercado, e portanto "prostituído" para agradar aquele público, 'B' foi criado para servir de panfletagem política, e 'C' foi a obra mais pura da criatividade do autor, sem influência editorial nem nada, mas A, B e C acabaram resultando em produtos praticamente iguais, você iria preferir o C e sentiria nojo de A , é isso?

Ah, e dizer que comics são repeteco de clichês e compará-lo com mangás, como se esse último fosse um  mercado de pura liberdade autoral me causa sensações controversas... você sabe que se um mangá não faz sucesso é cortado sem dó nem piedade, mesmo que esteja ainda no início e já tenha uma fanbase que o considere cult, né? E Naruto e One Piece podem muito bem contar como "séries que nunca acabam", para efeitos práticos. Isso sem contar que as comics americanas possuem muuito material realmente bom, como disse o Skar. Mesmo na parte de super heróis, o que meu avatar aqui do lado está ávido para ensiná-lo.
« Última modificação: Dezembro 05, 2012, 11:42:52 am por Lelëco »

Offline Sampaio

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Re:Capitalismo Selvagem
« Resposta #14 Online: Dezembro 05, 2012, 11:52:38 am »
Adaptando a minha resposta: Síndrome do cara-que-acha-que-já-viu-tudo, ele-não-gosta-porque-é-novo, etc.

"Síndrome do cara-que-acha-que-já-viu-tudo" poderia simplesmente se chamar Síndrome Sampaio (ou esta é a Síndrome do cara-que-acha-que-sabe-tudo?). E você entendeu mal, porque eu sou fã de Storyteller e me queixo do que você queixa,  sou fã de algumas coisas de Ad&D e me queixo do que você queixa, etc. Acho a 4a edição de D&D a coisa mais imbecíl do mundo e a ideia de lançar vários livros do jogador, mestre, etc., para maximizar vendas e receitas, uma exploração ridícula da idiotice do consumidor - que poderia exercer contra-controle, mas simplesmente regojiza-se em consumir.

Isso me deixa preconceituoso a ponto de alguém me falar que joga a 4a edição eu já imaginá-lo imediatamente um débil mental, com espírito de War Game e MMO, que ajudou a construir o imbecil coletivo que tem ajudado a minar o hobby que tanto adoro.

Resumo: entendo e sou pior do que você nisso, mas c'est la vie.