Censura é uma questão bem complicada.
A priori sou contra qualquer tipo de censura. Já fui contra até a "Classificação Indicativa", que é um tipo de censura, mas hoje vejo sua razão de ser. Embora questionável.
Em
reportagem recente d'O Globo, é mostrado um relatório da ONG Freedom House que aponta aumento da censura na internet no último ano.
No Brasil, isso é problemático. Com certeza um dos legados da ditadura civil-militar brasileira é o aparelho de censura. Não como instituição
per se, mas como aparato ideológico de controle instrumentalizável.
Isso é visto, por exemplo, no caso do Serbian Film, que levantou uma
enorme polêmica. Mais desapercebido, mas igualmente problemático foi a censura da Folha de São Paulo à sua sátira, a
Falha de SP. Sem contar as inúmeras censuras políticas que pulularam este ano por conta das eleições.
Tomando a fala recente de Robert Darnton exposta no Roda Viva da TV Cultura (recomendo que assistam, não só pelo tema da censura - que é brevemente tocado quando o historiador fala de sua pesquisa mais recente -, mas pela problematização que ele faz do livro na era digital e propagação da informação na era da internet. Link
aqui), o americano categoriza a censura como planejamento, fazendo para isso uso dos programas anuais do Departamento de Cultura da antiga URSS: lá eram determinados os conteúdos a serem priorizados a cada ano pelo Estado, e isso guiava a censura.
Não vejo como discordar disso. Censura é programa. Disforme ou metódico, mas um programa. Determina-se nele o que o poder (Estado ou outro aparelho de coerção/detentor de técnicas de normatização) prevê para o "bem" da sociedade. E isto é extremamente nocivo, tanto para a democracia quanto para os próprios sujeitos/cidadãos.