Autor Tópico: Baderna na USP  (Lida 25582 vezes)

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Offline Emil

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Re:Baderna na USP
« Resposta #15 Online: Novembro 06, 2011, 03:28:41 pm »
Ferdineidos,

Tem duas coisas muito interessantes na sua fala, uma com a qual eu concordo e uma da qual eu discordo, mas o problema é que elas estão misturadas. Então, da parte que eu concordo:

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o ponto é que pedir pra "banir" a PM do local na base da porrada é, no mínimo, imbecil.
Fazer invasão de reitoria e depredar o campus só faz é ver quem tem o pau maior. E nesse quesito, a administração tem um muito maior.

Isso é quase perfeito. Existe uma ultra-esquerda na USP que é doida, barulhenta, extremamenta antidemocrática e preguiçosa. Eles não têm vontade de construir argumentos, não têm vontade de construir movimento; é um erro estratégico terrível o priemiro passo da mobilização já ser o passo radical, principalmente quando a maioria dos alunos nem tem uma opinião formada ou não vê muitos problemas da PM no campus. Sem contar que é mesquinho: você quer a PM só fora do campus, mesmo? Mais nada? Quando ela tiver fora do campus, então tudo certo?

Agora a parte problemática:

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Se estão ocorrendo TODOS esses desrespeitos por parte da PM, deve haver um confrontamento dentro dos limites da legalidade. Pô a gente tá tratando de uma faculdade do porte da USP, onde teoricamente tem pessoas mais esclarecidas.
Não tem como negar que o El Shaddai tem toda razão. Esse "movimento" estudantil é um bando de viuvete de 68. A forma de combater a administração tem sido a mais "revolucionária" possível. E isso não é um elogio.
Sério, chega a ser patético esse grito do "proletariado" exigindo o "povo" nas ruas pra acabar com a "opressão".

Logo de cara, é meio ingênuo achar que dá pra vencer um embate dentro da legalidade (especialmente se essa legalidade for encarada no seu modo mais tacanho), principalmente quando esse embate é contra as formas problemáticas da própria legalidade. E a PM no estado de São Paulo (e não só nele, vamos combinar) não tem medo de utilizar de métodos ilegais (uso de força excessiva, retirar a identificação do uniforme para que se possa bater sem medo de ser identificado, agressão a jornalistas, intimidação de testemmunhas, etc.), enquanto é protegida pelo aparato legal do estado. Mas isso é o de menos.

O que está realmente em jogo nessa parte da sua fala é uma contradição entre a superfície e o fundo de um impulso que parece democrático, mas é antidemocrático, e que pode ser traduzido da seguinte maneira: "Eu sou a favor de manifestações, desde que elas não afetem a ordem corrente". E isso fica bem patente no momento em que você escolhe em vez de debater comigo e com o que eu digo, debater com uma voz que não tem muito respaldo na realidade. Isso aqui: chega a ser patético esse grito do "proletariado" exigindo o "povo" nas ruas pra acabar com a "opressão"? Puro espantalho.

De qualquer forma, muito mais democrático é o sistema de leis que permite que se aponte suas próprias falhas. Neste sentido, eu nunca vou questionar a legitimidade de uma pequena transgressão que aponto para o não cumprimento de uma lei, de um pequeno crime que aponta para uma lei criminosa, e, portanto, eu nunca questionarei a validade de manifestações que interrompem o trânsito, greves que param os dias de trabalho, invasões, ocupações como métodos legítimos de participação política.

E aproveitando que o Phil foi junto, e postou a babaquice:


Citar
É que os estudantes da USP são em massa, de colégios estaduais. XD

A FFLCH, que é onde o coro está comendo, é a unidade da USP com maior número de alunos vindos do ensino público. Mas mesmo se não fosse, e daí? É babaca porque diz que se eu vim de escola particular, eu não posso ter empatia por quem não teve essa opção e teve que encarar o sucateado ensino público. Se eu sou rico, não tem porque eu me preocupar com a situação dos mais pobres.

É uma boa deixa, entretanto, que desde a morte do Reader quero compartilhar esse texto do Paul Krugman:

http://krugman.blogs.nytimes.com/2011/11/04/i-do-not-think-that-word-means-what-you-think-it-means-hypocrisy-edition/

E, sobre a galera aí que tá falando em vídeos e youtube, depoimento de uma conhecida minha:

"a Fernanda Garcia Alfonsi me contou que rolou policial batendo na cara de estudante dia desses na praça do relógio, procurando maconha. um menino começou a filmar, e o celular dele foi confiscado pelos policiais como "provas do delito". esse menino foi também coagido. também me contou que o centro estudantil da ECA foi revirado pela pm atrás de drogas, que entraram sem mandato, com a cara e a coragem. também disse que dali, uma semana depois, sumiram 4 mil reais, dinheiro destinado a promoção de eventos esportivos e acumulado nas cervejadas, coisa que nunca na história desse país aconteceu na ECA.

eu, na condição de alguém que já levou tiro de raspão da polícia militar (não, não era bala de borracha) e que fui coagida a não dar parte, imediatamente, por um policial que pegou o projétil dizendo NÃO ACONTECEU NADA AQUI, NÃO CONTECEU NADA AQUI, sei muito bem que o buraco é muito mais embaixo. além disso, esse foi apenas o estopim de um descontentamento anterior com a política promotivo pelo Rodas, que vem reprimindo movimentações estudantis e de funcionários sistematicamente, além de muitos outros crimes."
Lutai primeiro pela alimentação e pelo vestuário,
e em seguida o reino de Deus virá por si mesmo.

Hegel, 1807

Offline ferdineidos

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Re:Baderna na USP
« Resposta #16 Online: Novembro 06, 2011, 05:57:37 pm »
Emil, não vou colocar que sou contra greves, passeatas e invasões, só as acho ultrapassadas e, francamente, inúteis.

O patético é achar que uma forma de manifestação do século passado berrando uma bandeira morta (revolta do proletariado) vai trazer qualquer tipo de resultado. Esse é meu ponto.

Eu efetivamente não tenho como saber o que está ocorrendo na USP, mas sei que a forma de combater os atos que estão sendo considerados errados pelos estudantes só agrava o problema.

Isso quer dizer que eu ache que eles devem deitar no chão e se fingir de mortos? Não. Que eles devem entrar com um processo na Justiça e esperar um resultado? Também não.

Infelizmente não existe uma forma fácil, ou simples pra se fazer isso, mas com o nível de mobilização que eles tiveram pra invadir o local seria muito melhor se fosse utilizado para colher provas das ilegalidades produzidas. Aqui não se trata só de dois ou três fotografando ou filmando, trata-se de TODOS esses envolvidos passarem a monitorar a polícia e utilizar as redes sociais e canais de comunicação mais pró-usuário para combater esse tipo de coisa.

E entrar com ações na justiça. Veja bem ações. O máximo possível, contra tudo que for feito. Vai ganhar? Provavelmente não, mas chama atenção.

Além de manifestações pontuais e feitas da forma pra atrapalhar o máximo possível o governo nas próximas eleições. O que inclusive tá logo aí.

O que não dá é querer mudar o mundo como tentaram na década de 60/70 e falhar miseravelmente, como falhou na década de 60/70.
"Entre todas as tiranias, a tirania exercida para o bem de suas vítimas é a mais opressiva.Talvez seja melhor viver sob o olhar de nobres usurpadores do que de intrometidos moralistas onipotentes."

Offline Ciggi

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Re:Baderna na USP
« Resposta #17 Online: Novembro 07, 2011, 11:47:32 am »
Eu não entendo a maioria desses pontos, e é tudo bem alienigena pra mim. Sério, a Universidade era pra ser uma escola não? Pra mim é tão simples as coisas.

Nego vai, estuda e vai pra casa. Ok, tem problemas nesse percurso, entendo que a gestão não ajuda a administrar o território de campus e tal e coisa. Mas po, tem coisa que parece realmente coisa de cinema ou alienado (em ambos os sentidos). Gente questionando se o espaço do campus é parte da cidade? Problemas de maconha dentro da Universidade? Festa com bebida alcolica? Eu sou muito velho e as coisas mudaram muito pelo visto, mas no meu tempo, se bebia e fumava fora da escola, e pensar que o terreno do campus é um tipo de embaixada que não faz parte do resto da cidade é bem idiota na verdade!

A policia é uma merda, não é exclusividade do Campus, bater de frente com eles não adianta, nem vai adiantar. As leis não ajudam, as pessoas desinformadas ou simplesmente mal intencionas sempre vão atrapalhar. É o tipo de situação, infelizmente, comum em todo Brasil. Eu já pensei muito sobre isso e sou menos otimista hoje que ontem, no meu entender temos duas soluções, ou se muda de cidade/estado/pais/planeta ou se tenta mudar as leis, e a unica forma que conheço legitima pra isso é o voto.

É uma merda, eu sei, mas são as regras do jogo, infelizmente ou tu joga por elas ou vira baderneiro.

Offline Madrüga

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Re:Baderna na USP
« Resposta #18 Online: Novembro 07, 2011, 12:05:45 pm »
Emil, não vou colocar que sou contra greves, passeatas e invasões, só as acho ultrapassadas e, francamente, inúteis.

Bom, vão discordar de você as pessoas que só conseguiram aumentos salariais (merecidos, diga-se de passagem, previstos por lei e não cumpridos) só depois de fazer greve. Ou mesmo meu curso na faculdade, que não tinha contratações há muitos anos, conseguindo uma vaga suada de professor para desacossar os professores que estavam acumulando três ou quatro matérias.

O patético é achar que uma forma de manifestação do século passado berrando uma bandeira morta (revolta do proletariado) vai trazer qualquer tipo de resultado. Esse é meu ponto.

O seu ponto é patético, porque NINGUÉM está falando de "revolta do proletariado". Você está atacando um espantalho, e sua argumentação toda está baseada num fantasma que você inventou para você mesmo discordar. Ou seja, você está sozinho, argumentando contra sua imaginação.

Entendeu agora?
"If there are ten thousand medieval peasants who create vampires by believing them real, there may be one -- probably a child -- who will imagine the stake necessary to kill it. But a stake is only stupid wood; the mind is the mallet which drives it home."
-- Stephen King, It (p. 916)


Offline ferdineidos

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Re:Baderna na USP
« Resposta #19 Online: Novembro 07, 2011, 12:48:36 pm »
Emil, não vou colocar que sou contra greves, passeatas e invasões, só as acho ultrapassadas e, francamente, inúteis.

Bom, vão discordar de você as pessoas que só conseguiram aumentos salariais (merecidos, diga-se de passagem, previstos por lei e não cumpridos) só depois de fazer greve. Ou mesmo meu curso na faculdade, que não tinha contratações há muitos anos, conseguindo uma vaga suada de professor para desacossar os professores que estavam acumulando três ou quatro matérias.

Eu estive numa passeata quando era da faculdade, e não conseguimos o que queríamos. Claro, o estado deu um "cala-boca" que normalmente é o máximo que se consegue.

Agora, das trocentas greves que eu vi só esse ano, a maioria esmagadora deu com os burros n'água.

Uma pra mim que foi marcante foi a greve dos serventuários da justiça aqui no Rio de Janeiro que só conseguiu uma coisa: piorar o atendimento e andamento dos processos. Nenhuma revindicação foi atendida. A greve mingou até que silenciosamente retornaram ao trabalho. Ah, a Justiça Federal aqui do Rio tá de greve também, daqui a pouco a gente vê se trouxe algum resultado real.

Os bombeiros aqui do rio conseguiram o aumento depois de três meses de greve se não me engano. Foi preciso invasão de quartel, bombeiro preso e ocupação diária da alerj pra tanto. A população inteira estava a favor dos caras. Acho que teria sido muito mais produtivo se eles tivessem puxado a briga pro campo eleitoral, posta video no youtube, promete perda de voto pro governador e aliados, mobiliza a sociedade civil via mídias sociais, etc. Acho quer teriam conseguido a mesma coisa sem ninguém ser preso, além de demonstrar uma força ao governo muito maior.

E uma coisa que eu acho que você não percebeu: eu não sou contra manifestações e revindicações por salários mais dignos, só acho que existem outras maneiras mais inteligentes que fazer isso, não precisa ficar preso a um modelo ultrapassado.

O patético é achar que uma forma de manifestação do século passado berrando uma bandeira morta (revolta do proletariado) vai trazer qualquer tipo de resultado. Esse é meu ponto.

O seu ponto é patético, porque NINGUÉM está falando de "revolta do proletariado". Você está atacando um espantalho, e sua argumentação toda está baseada num fantasma que você inventou para você mesmo discordar. Ou seja, você está sozinho, argumentando contra sua imaginação.

Entendeu agora?

A frase "reforma do proletariado" é pelo típico pensamento de nós contra eles. Como se tivesse só o bem versus o mal e o "ou você está conosco ou contra a gente".

E na boa, não fui eu que inventei que alguns pensam que estão nessa luta de classes. Se eles consideram a imprensa "burguesa", eles só podem se considerar proletariado...
« Última modificação: Novembro 07, 2011, 12:51:00 pm por ferdineidos »
"Entre todas as tiranias, a tirania exercida para o bem de suas vítimas é a mais opressiva.Talvez seja melhor viver sob o olhar de nobres usurpadores do que de intrometidos moralistas onipotentes."

Offline Madrüga

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Re:Baderna na USP
« Resposta #20 Online: Novembro 07, 2011, 10:22:26 pm »
A frase "reforma do proletariado" é pelo típico pensamento de nós contra eles. Como se tivesse só o bem versus o mal e o "ou você está conosco ou contra a gente".

E na boa, não fui eu que inventei que alguns pensam que estão nessa luta de classes. Se eles consideram a imprensa "burguesa", eles só podem se considerar proletariado...

Se a frase é "nós contra eles", então diga "nós contra eles", porque pode parecer que você só está falando bobagem.

Quem considera a imprensa "burguesa"? E outra, considerar a imprensa "burguesa" não torna os caras automaticamente "proletariado". Falsa dicotomia, outra invenção sua, preconceito seu.
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Offline ferdineidos

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Re:Baderna na USP
« Resposta #21 Online: Novembro 08, 2011, 12:48:25 am »
Tá. Beleza, sou preconceituoso.

Continuo achando patético achar que uma forma de manifestação do século passado berrando uma dicotomia simplista vai trazer qualquer tipo de resultado.

E claro, o grosso do pessoal dessa invasão não fala nada sobre luta de classes, burguesia e etc., isso é delírio meu.
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Offline Madrüga

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Re:Baderna na USP
« Resposta #22 Online: Novembro 08, 2011, 01:00:42 am »
Isso é o mesmo reducionismo do pessoal que tá falando "desses maconheiros". VOCÊ acha greve uma coisa do século passado (que ei, estava aí só há doze anos), VOCÊ está vendo luta de classes no protesto, VOCÊ está tornando a coisa uma dicotomia simplista.

Você tem dois caminhos: continuar achando que está certo (e, no caso, não tem mais motivo para discutir) ou se despir dessa empáfia toda e tentar entender alguma coisa ao invés de ficar (veja que irônico) usando esses chavões tipo "manifestações do século passado".

Em tempo: "estive em UMA passeata e não conseguimos o que queríamos".

E você queria conseguir tudo só andando numa passeata? Manifestante não pode ser mimado e chorar no primeiro revés, cara, sinto muito.
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Offline ferdineidos

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Re:Baderna na USP
« Resposta #23 Online: Novembro 08, 2011, 08:45:29 am »
E o que eu tenho que entender? Que só existe UMA forma de manifestação? Que tudo se resume a apenas UM jeito de protesto?

Claro que sou eu que acho greve coisa do passado, mas acho pelo que já vi dos resultados que ela alcança. Não existe empáfia nenhuma aqui, só observação de ter visto mais de quinhentas passeatas no centro do rio, que, em sua grande maioria, prejudicam o dia a dia da pessoa normal e não alcançam nada, NADA.

Com certeza existem outras formas de buscar seus objetivos, é muito tacanho achar que tudo se resume a aquilo.

E cara, dicotomia eu estou vendo em tudo que o movimento da USP está fazendo. Pra mim é só ler o que está acontecendo, como está acontecendo, o discurso. Isso é minha percepção. Quer achá-la preconceituosa? Beleza, realmente não me importo, mas não a considere como soberba só pq você discorda dela.

Em tempo: o que aconteceu agora de manhã? Reintegração na base da porrada e 60 alunos detidos. Vai me dizer que esse é um bom método?
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Offline Ciggi

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Re:Baderna na USP
« Resposta #24 Online: Novembro 08, 2011, 10:05:16 am »
Ainda não sei ao certo o que pensar. É um assunto delicado demais e confuso, cada lado tem seus pontos e sinceramente acho que os dois estão errados em muita coisa, mas por hora quero continuar observando pra formar uma opinião própria.

Você tem dois caminhos: continuar achando que está certo (e, no caso, não tem mais motivo para discutir) ou se despir dessa empáfia toda e tentar entender alguma coisa ao invés de ficar (veja que irônico) usando esses chavões tipo "manifestações do século passado".

Ate ae nada, você tambem acha que tá certo e usa "chavões" (enfase nas aspas). Acho que o argumento do ferdineidos tem validade em muitos pontos assim como acho que o do Emil tambem, a discussão pode ir bem mais alem disso.

Re:Baderna na USP
« Resposta #25 Online: Novembro 08, 2011, 10:10:53 am »
A única coisa que estes protestantes conseguiram hoje foi tirar 400 policiais das ruas.

Offline z é d u a r d o

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Re:Baderna na USP
« Resposta #26 Online: Novembro 08, 2011, 10:28:41 am »
A única coisa que estes protestantes conseguiram hoje foi tirar 400 policiais das ruas.
Exatamente, porque os estudantes, os professores e os líderes sindicais, participando ativamente do comando da PM, decidiram que seriam necessários 400 policiais militares para reintegrar a posse e retiraram-nos da rua para que fossem enviados à USP.






-n

Offline z é d u a r d o

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Re:Baderna na USP
« Resposta #27 Online: Novembro 08, 2011, 10:46:40 am »
Agora, aqui o ponto é outro (e me perdoem o post duplo); eu também acredito que existem outras maneiras de resolver os problemas (sem achar que isso invalida o método da greve), mas pergunto: isso não vale pros dois lados? Se, por um lado, os estudantes agem de maneira impulsiva e imprópria, cabe ao Estado responder na mesma moeda? Porque essa é a resposta quando você tira 400 PMs das ruas para reintegrar a posse de um prédio - o Estado faz nada melhor e age com tanta imaturidade quanto os manifestantes supostamente fazem, e responde impulsiva e impropriamente. Acontece que, como já apontado, o Estado tem um pau muito maior, e assim se caracteriza a opressão.

Espero que a galera que só está lendo sobre toda essa movimentação também conheça o histórico do Reitor e do Governador que temos atualmente aqui em São Paulo. Se não conhecem, comento: não é um histórico conhecido pela facilidade de diálogo. Não é um histórico caracterizado pela empatia, pela compreensão e pela resolução pacífica dos problemas. Então vamos lembrar que todos os lados fazem escolhas, e perceber que quando o representante ignora a ferramenta do diálogo, algo de errado tem aí.

Offline Madrüga

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Re:Baderna na USP
« Resposta #28 Online: Novembro 08, 2011, 11:38:39 am »
Espero que a galera que só está lendo sobre toda essa movimentação também conheça o histórico do Reitor e do Governador que temos atualmente aqui em São Paulo. Se não conhecem, comento: não é um histórico conhecido pela facilidade de diálogo. Não é um histórico caracterizado pela empatia, pela compreensão e pela resolução pacífica dos problemas. Então vamos lembrar que todos os lados fazem escolhas, e perceber que quando o representante ignora a ferramenta do diálogo, algo de errado tem aí.

Pra que se importar com isso quando se pode bradar contra os maconheiros? Mas sério, galera. A questão aí, infelizmente, foi ofuscada por uma minoria que grita demais.

Querendo o Cigano ou não, a universidade não é só uma "escola". Não é aquele lugar onde você paga, você manda, paga seu curso (que é um produto, porque a faculdade particular não é filantrópica e precisa da grana), compra seu diploma, vai às aulas e demite professor quando não te agrada. Se existe um reitor que PERDEU uma eleição e foi colocado à força pelo governador, se existe um histórico de violência e repressão por parte de uma força policial (supostamente) externa à universidade, se existe uma questão de liberdade de pensamento e autonomia do espaço que está sendo violada por uma política partidária, então existe alguma coisa errada.

Não é frescura, não é mimimi dos maconheiros, nada assim. Enfiar efetivo da polícia na USP parece uma maravilha quando você nunca pisou lá. Agora, para cobrir todo o território de maneira eficaz, tinha que botar esses quatrocentos policiais aí de hoje, no mínimo. O lugar é gargantuano, cheio de mato, entradas e saídas para pedestres (que dão para bairros e favelas e marginal Pinheiros), mal-iluminado, com pouco ou nenhum controle de entrada e saída, vazio em diversos pontos, com pouco lugar para correr ou se esconder.

Em tempo, no dia em que balearam o menino, tinha polícia fazendo ronda na USP. Só que o lugar é gigantesco, a área do campus ali no Butantã é de 7.443.770 m² (ou seja, metade da minha cidade, por exemplo). Qual é a área que a polícia pretende cobrir? Com que efetivo? Como estão bradando por aí, "tirando" policiais da cidade (que já é violenta o suficiente)? Quantos? Quantos são necessários para que o lugar seja realmente considerado "patrulhado"?

Eu sei que agora parece meio falta de argumento, mas vocês NUNCA PISARAM LÁ. Não têm noção de como funciona, como funcionava, como é a política, qual é a situação política, como é o espaço físico, como é risível a noção de que meia-dúzia de viaturas vão mudar alguma coisa naquela merda, nada.

É claro que isso não é dizer que só pode falar alguma coisa quem está lá. Mas quem está de fora tem a obrigação de se informar um pouco melhor antes de sair latindo o que leu no Reinaldo Azevedo ou na Folha.

---

Aliás, essa força foi desproporcional, ridícula mesmo.
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Offline Ciggi

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Re:Baderna na USP
« Resposta #29 Online: Novembro 08, 2011, 12:13:25 pm »
Querendo o Cigano ou não, a universidade não é só uma "escola". Não é aquele lugar onde você paga, você manda, paga seu curso (que é um produto, porque a faculdade particular não é filantrópica e precisa da grana), compra seu diploma, vai às aulas e demite professor quando não te agrada. Se existe um reitor que PERDEU uma eleição e foi colocado à força pelo governador, se existe um histórico de violência e repressão por parte de uma força policial (supostamente) externa à universidade, se existe uma questão de liberdade de pensamento e autonomia do espaço que está sendo violada por uma política partidária, então existe alguma coisa errada.

Nisso concordo, [sarcasmo]na verdade com cada ponto, o que é estranho já que discordar de você é meu hobby preferido[/sarcasmo]. O que questiono, e o que quiz dizer com ser uma "escola", é que esse DEVERIA ser um lugar de estudos e aprendizado, não de festas e ativismo politico. Não acho que reclamar que a policia reprimiu uma FESTA no campus seja positivo, da a nitida impressão de vagabundagem. Acho que reclamar que a policia reprime os alunos por porte, uso ou whatever de drogas não é positivo não por ser "droga" mas porque isso tu pode fazer em tantos lugares e escolher uma Universidade só torna as coisas mais parecidas com o esteriotipo do vagabundo.

Eu sei que agora parece meio falta de argumento, mas vocês NUNCA PISARAM LÁ. Não têm noção de como funciona, como funcionava, como é a política, qual é a situação política, como é o espaço físico, como é risível a noção de que meia-dúzia de viaturas vão mudar alguma coisa naquela merda, nada.

É claro que isso não é dizer que só pode falar alguma coisa quem está lá. Mas quem está de fora tem a obrigação de se informar um pouco melhor antes de sair latindo o que leu no Reinaldo Azevedo ou na Folha.

Ao menos da minha parte eu to levando isso em conta. O Emil deixou bem claro pra mim que conheço nem a ponta do icebarge. Mas eu não consigo acreditar que as fotos de vadalismo sejam outra coisa alem de vandalismo! Ae fica a questão, quem ta certo? Ate agora acho que ninguem, ao menos não consegui achar motivos pra alguem especificamente estar no caminho certo da resolução desse assunto!