"Leve fé" é uma expressão por aqui - não usei no sentido literal de que era pro Skar ter fé.
No mais, Elfo, sua linha argumentativa difere da do Skar porque vejo na sua linha mais uma dialética descontrutiva do que uma linha realmente querendo apontar alguma direção (embora possa estar enganado).
No plano ideal (assim como são a maioria das coisas no viés filosófico) não deveríamos ser contra a propaganda nem o que as pessoas fazem da vida delas, se isso não afeta minha vida.
No geral, aliás, já tenho essa postura. Ocorre que vivemos num sistema muito injusto e cheio de pessoas idiotas que caem em diversos tipos de discurso em diversos níveis de existência. Muitos destes discursos são potencialmente auto-destrutivos e aí podemos incluir a ideologia do consumo de forma mais ampla.
Dentro dela, podemos assinalar o de uso de drogas recreativas um patamar além.
Além de fazer mal a si mesmo em troca de um pouco de prazer, a maioria dessas drogas causa um enorme prejuízo colateral a diversas pessoas a volta, mesmo que elas não sejam consumidoras do produto.
O cigarro ao envenenar quem respira próximo, a bebida em acidentes e drogas ilícitas em envolvimento com crime, só para citar exemplos que de coisas que são associadas ao consumo de cada...
Como somos seres sociais, é prudente regular a vida em sociedade, tanto para evitar que pessoas inescrupulosas tomem vantagem sobre nós, quanto, evitar que comportamentos auto-destrutivos sejam levados adiante - como por exemplo, o suicídio* (que só afeta a pessoa e pelos argumentos do Skar, ela não deveria ser impedida de fazer isso).
E de novo: restringir propaganda passa longe de censura e cerceamento à liberdade de expressão.
Até porque, Se entendi Sartre o suficiente, viver em sociedade já significa abdicar de parte de nossos direitos e possibilidades de ação para preservar a boa convivência entre todos. Entre esses pontos está a restrição da liberdade de expressar incentivo a outrem cometer crimes - apologia a crime é crime.
Voltando a propaganda, não há nenhuma expressão nela, nenhuma verdade. Só a criação de uma identidade de produto com o qual os consumidores podem se sentir associados e com isso ser levados à espiral consumista que tem como função principal alimentar o capitalismo não se importando com as consequências, seja do malefício causado aos consumidores, em âmbitos mais profundos (para citar ideias anarco-capitalistas), aos trabalhadores e até ao planeta pela destruição de recursos naturais de forma desenfreada.
(agora exagerei de verdade nos argumentos hiperbólicos)
Vamos mais uma vez para ficar claro:
Proibir propaganda não impede discussão sobre o produto (nem mesmo feita pela empresa)
Só é proibido inventar novas ideologias consumistas sobre ele.
Todo mundo continuará podendo se expressar publicamente sobre o produto (incluindo as empresas)
Só será restrito inventar novas ideologias consumistas sobre ele.
Repeti para ver se fica claro.
Seria adequado alguém da área do direito dar seu parecer sobre a diferença entre cerceamento de liberdade de expressão e restrição dela quando feita a incitar o crime e, por fim, este tipo de proibição a propaganda, como quando feita com o cigarro.
*Suicídio é um bom ponto para o Skar ponderar sobre esse assunto e ele bate junto com a eutanásia, embora sejam radicalmente diferentes, embora para o leigo ambos sejam a simples retirada da vida pela própria pessoa (ou assistida por alguém quando incapacitada de fazê-lo pessoalmente mas deseja-o).
Seguindo sua própria lógica Skar, a pessoa deve 'ter o direito de se suicídar' já que isso diz respeito somente a ela e não afeta ninguém** além dela mesma? Justifique sua resposta.
**Óbvio que afeta pessoas próximas ao suícida, como parentes e amigos.