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RPG => Sistemas & Cenários => Tópico iniciado por: Elven Paladin em Agosto 19, 2015, 02:01:07 pm

Título: [Eberron] A Última Guerra II - Religião e o Dia dos Lamentos
Enviado por: Elven Paladin em Agosto 19, 2015, 02:01:07 pm
Ao final da Última Guerra, as Cinco Nações se encontravam em situações bastante distintas de seu início do conflito. No artigo anterior eu mostrei as mudanças territoriais que ocorreram em Khorvaire. Agora hora de mencionar as mudanças raciais e religiosas, e como a Última Guerra chegou a seu fim.

As mudanças raciais podem ser vistas no fato que 5 dos 8 Territórios Soberanos tem não-humanos como seu grupo majoritário (esse número sobe para 7 se incluir Droaam e os Pântanos Sombrios). Embora a maior parte de Khorvaire ainda continue em mãos de soberanos humanos das Cinco Nações (e em menor medida, Lhazaar, Q’Barra e Eldeen), a importância política de outras raças humanoides é muito maior do que era em Galifar. Em menor escala se comparada à fundação de territórios não-humanos, uma nova raça de criaturas, surgida nas Forjas da Criação da Casa Cannith agora passa a integrar os povos livres desse continente: Forjados de Guerra. Eu serei deliberando curto aqui porque os textos sobre os Elfos, Goblins, Orcs e Forjados já mencionam e são relativamente extensos acerca de como a Última Guerra alterou o modo de vida e a percepção dessas raças.

Já em questões religiosas, as mudanças mais expressivas ocorreram em duas das Cinco Nações: Karrnath e Thrane. Mudanças menores ocorreram em Eldeen, mas isso ficará para um texto futuro.

Karrnath e o Sangue de Vol


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Um dia relativamente normal nos Salões do Rei Vampiro

Karrnath foi a primeira nação a sofrer uma considerável mudança religiosa – o fracasso das expedições militares de Kaius I e mudanças climáticas que trouxeram colheitas ruins e disseminaram a fome e epidemias reduziram severamente a capacidade combativa da nação.
Ao mesmo tempo, foi formada a Ordem da Garra Esmeralda, um grupo de nobres karrnathi e seguidores fiéis do Sangue de Vol, funcionando com uma ordem sagrada e patriótica que defendia os interesses de Karrnath contra seus oponentes (Thrane e Cyre). A fraqueza de Karrnath e a ascensão da Garra Esmeralda fizeram com Kaius I assinasse um acordo com o Sangue de Vol – em troca da construção de templos para o Sangue e bases para a Ordem da Garra Esmeralda e do apoio da Coroa à religião, o Sangue de Vol incitaria dissensão e revolta em outras nações e utilizaria seu poder necromântico para criar e preparar soldados mortos-vivos. O acordo foi selado entre Kaius e a própria Erandis d’Vol, que como uma medida cautelar transformou o Rei de Karrnath em um vampiro, esperando que ele se subordinasse a ela – e ela não poderia estar mais errada quanto a essa decisão. Kaius nunca se subordinou à Erandis e passou rapidamente a tomar ações contra sua suposta senhora, a ponto de pretender ter sido morto e ceder seu trono a seu herdeiro.


Esse conflito entre figuras de alto escalão não deve causar ao leitor a impressão que o adepto comum do Sangue de Vol concorda ou mesmo conhece o que se passa nos bastidores de sua religião.  Para ele, o Sangue de Vol que sempre foi relativamente popular nas inclementes terras de Karrnath enfim recebeu seu merecido respeito de seus superiores, e a criação de mortos-vivos era uma forma de se utilizar dos restos mortais de seus compadres para uma causa mais produtiva, já que sua alma já estava condenada ao esquecimento e inexistência em Dolurrh.

(http://history-behind-game-of-thrones.com/wp-content/uploads/2015/06/the-avalance-of-the-dead-hardhome.jpg)
Reforços karrnathi chegando no campo de batalha.

Retornando a Kaius I, depois de 80 anos escondido nas sombras e agindo contra os piores elementos do Sangue de Vol, ele decidiu tomar ações ao lado de sua descendente e na época Regente de Karrnath, Moranna ir’Wynarn. Juntos ambos depuseram e tornaram ilegal a presença da Ordem da Garra Esmeralda no território de Karrnath, reduziram e praticamente interromperam a criação de mais soldados mortos-vivos (embora isso não foi de todo efetivo) e defenderam a redução de conflitos durante a Última Guerra. O maior ato de Kaius I foi o de transformar Moranna em sua cria e assumir o papel de Kaius III como o novo Rei de Karrnath, aprisionando o verdadeiro Kaius III no Forte de Horror (Dreadhold), a mais segura prisão particular de Khorvaire (e que opera fora de qualquer legislação).

Apesar da oposição de Kaius contra Erandis d’Vol e seus agentes, o Sangue de Vol não foi severamente afetado por isso. Ainda é uma religião tolerada e respeitada em Karrnath, com o Monastério Carmesim de Atur sendo usado como seu centro religioso (e de onde as Legiões de Mortos-Vivos eram criadas).

Thrane e a Chama Prateada

Assim como Karrnath foi um centro do Sangue de Vol ao longo dos séculos, Thrane foi a região onde nasceu a Igreja da Chama Prateada e seu centro de disseminação. 7 séculos atrás, a paladina Tira Miron se tornou a Voz da Chama Prateada e aprisionou novamente uma Potestade que havia despertado no Forte da Chama (Flamekeep). O seu nobre sacrifício inspirou diversos seguidores e cerca de um século depois, a Igreja da Chama Prateada já era a crença majoritária em Thrane e logo conquistou seus monarcas, mas foram preciso séculos para ela alcançar sua atual posição.

Thalin de Thrane, um dos responsáveis pelo início da Última Guerra, era um homem de grande fé. Sua rejeição da sucessão monárquica para Mishann de Cyre foi motivada em parte por sua desconfiança na decência de seus irmãos e irmãs, mas majoritariamente se deveu a uma Visão que teve durante vinte dias de jejum e oração, donde observava chamas prateadas brotando do coração e mente de todas almas nas Cinco Nações. Assim, tornar-se o Rei de Galifar não era apenas um dever, era um mandato divino. E ele procedeu baseado nisso, incentivando tanto o fervor patriótico quanto o religioso em seus comandados. Entretanto, seu filho Daslin, não possuía as mesmas virtudes de seu pai, o que se tornou um problema considerável assim que Thalin faleceu.

Com partes de seu território dominado por Aundair e com as temíveis Legiões de Mortos-Vivos de Karrnath em suas fronteiras, além da sempre presente ameaça da potente Brelândia, a população de Thrane não estava satisfeita em ter o fraco e discreto Daslin como seu governante. Era preciso um líder com a mesma visão, ambição e fé que Thalin demonstrava. Esse líder não apareceu de imediato, mesmo com o clamor popular para que a Assembleia dos Cardeais e o Guardião da Chama Prateada indicassem ou assumissem essa responsabilidade. Eles hesitaram, já que a Assembleia possuía membros de diversas tendências e inclinações.

A indecisão por parte da Assembleia e a ausência de alguma liderança firme em Thrane abriu espaço para que grupos radicais de seguidores da Chama Prateada, inspirados por versões mais extremas da retórica nacionalista de Thalin se formassem e rapidamente ganhassem força extraordinária, a ponto de organizarem exércitos plebeus e realizarem ataques contra Aundair, cujos soldados profissionais não tiveram dificuldade em derrotar. O fracasso parcial de grupos radicais como a Ordem dos Puros, a Chama da Tribulação e a Legião dos Puros, a ameaça externa e a fraqueza de Daslin fizeram o então Guardião Serrain tomar uma série de decisões inédita – aceitou a Coroa, tornou a Igreja da Chama Prateada a religião oficial da nação e deixou ao cargo da Assembleia dos Cardeais a administração civil e militar de Thrane. Assim nasceu o primeiro regime teocrático de Khorvaire.

(http://img09.deviantart.net/0d10/i/2015/104/1/b/for_the_flame__by_dashinvaine-d8ni2m8.jpg)
Batalhão thranês durante a Última Guerra

O Fim da Última Guerra

A Última Guerra, apesar do seu nome no singular, foi uma série de conflitos entra as Cinco Nações que ocorreram de maneira intermitente entre 894 YK e 994 YK. Como uma guerra motivada para decidir qual soberano da família Wynarn assumiria o Trono de Galifar, esse longo período de duração e a persistência das Cinco Nações mesmo após um século de conflitos, pode-se notar que não seria trivial por fim a um século de mortes, rivalidades e espionagem. Contudo, o evento ocorrido em um dia fez com que as hostilidades cessassem.

Esse dia foi 20 de Olarune de 994 YK, no ano do centenário da Guerra. Durante esse dia, uma vasta névoa acinzentada se espalhou por todo território de Cyre, enquanto um abismo pulsando em tons purpúreos (o Abismo Incandescente) surgiu na porção norte e um vasto planalto de vidro em tons escuros (o Platô Vítreo) apareceu na porção sul da Nação. Praticamente toda forma de vida encontrou seu fim nesse evento, embora alguns soldados e habitantes das regiões fronteiriças conseguiram fugir a tempo de escapar da névoa cinzenta.

Esse dia sombrio, de morte e destruição passou a ser lembrado como o Dia do Lamento, e a terra onde antes existia Cyre agora recebe o nome Terra dos Lamentos.

(http://img.photobucket.com/albums/v258/Sadame/Cyre.jpg)
Yep, a analogia é mais do que óbvia.

Para os sobreviventes de Cyre, 20 de Olarune não foi o único Dia do Lamento. Muitos sobreviventes dessa catástrofe que tentaram ultrapassar as fronteiras de Thrane e Karrnath foram impedidos nos primeiros momentos, quando não massacrados como ocorreu em Valenar e Darguun. Brelândia foi a única nação que acolheu os refugiados de Cyre nesse momento, incluindo um dos membros de sua família real – mas mesmo aqui os nativos de Cyre são vistos como forasteiros, velhos inimigos ou conspiradores.

Para os nativos de Cyre, esses foram Dias de Lamentos, para as outras Nações, esses foram Dias de Medo e Confusão. Sem compreender qual foi a causa desse cataclismo e temerosos que quem foi capaz de causar esses eventos em Cyre os causasse em outra terra, os governantes das Cinco Nações reiniciaram contatos diplomáticos, assim como representantes de todas novas unidades políticas (incluindo aquelas não reconhecidas, como Droaam). Na antiga capital do Reino de Galifar, um tratado de paz pôs fim a todas hostilidades (e ao Reino de Galifar), reconheceu 8 novas nações e deu direito à liberdade dos Forjados. Esse é o Tratado de Thronehold.