Já fiz personagens que eram muito de mim... já fiz personagens que eram facetas de mim e personagens que não tinham nada a ver comigo.

Estes últimos eram especialmente aqueles que eu não esquentava a cabeça, não sofria quando ele era ameaçado, nem ficava puxando a ação pra mim ou tentando buscar os limites das regras ou da narração para conseguir ser bem sucedido numa ação. Os demais que tinham algo de mim me faziam passar por essas coisas.

Foram experiências diferentes e todas divertidas em graus diferentes. Acho que todo mundo já jogou com o personagem sendo parte de si - especialmente quando é novato. É quase inerente. Hoje sei fazer isso por escolha ou me desvencilhar de mim mesmo quando faço o personagem. fazendo-o algo que não tem muito a ver comigo ou  com meus gostos...

Claro, considerando que sempre tive pouca chance de jogar a mestrar, até que tive ótimas experiências.

Eu tenho a impressão de que a maioria dos jogadores, quando começam a jogar, tendem a se projetar (ou melhor, sua idealização de si mesmo) no personagem. Eu fazia isso, e tenho vários amigos que ainda o fazem. Inclusive, eu acho que deve ser possível falar bastante sobre uma pessoa ao observar seus personagens favoritos (claro que isso não vale muito para jogadores mais velhos, que acabam deixando de lado essa coisa de se projetar no personagem).

Bem que eu tento criar um personagem com traços próprios, baseados no conceito dele, mas acho inevitável que certos traços de personalidade se manifestem no personagem, como personagens mais sérios ou elitistas em geral. Agora com uma mesa nova é uma boa oportunidade de testar o quanto consigo variar de personalidade de personagem. Ando testando personagens mais bondosos (ao menos no PbF do Cebola e numa mesa de Super Sentai presencial). Vamos ver o que dá.

Senta que lá vem história: [2]

Até meus 14, eu sempre fui muito fechada, agressiva e nem meus amigos me suportavam. Nessa idade percebi que se não fosse mais agradável, perderia os poucos amigos que tinha e tals. Comecei a ser sociável, agradável, animada, abraçava tudo e todos, amava tudo e todos.

E para onde foi toda aquela raiva e agressividade? Para os jogos de FPS, Máfia e RPG, é claro. Eu liberava todo meu estresse matando e dando headshots. Eu realmente gostava disso. E jogava máfia e rpg em um grupo do msn. Infelizmente, depois dos 18, muita merda aconteceu na minha vida e não tive mais tempo para tais coisas. Daí o Frost me apresentou a Spell, as máfias por fórum e a campanha semanal de D&D que ele estava fazendo.

Quando eu soube que teria que criar um personagem a primeira coisa que me ocorreu era fazer um personagem agressivo. Como eu costumo(ava) ser muito calma, compreensiva, agradável e etc, meus personagens emitiam o lado sombrio que havia dentro de mim.

Eu preciso extravasar a raiva interna em alguma coisa. Pode ser FPS, Máfia, RPG, não importa. Mas é necessário liberar meu lado mais agressivo. Ultimamente eu tenho usado o fórum como saco de batatas, por isso sei que exagerei e passei dos limites. Me contentarei apenas com o RPG e o FPS.

Uma outra coisa padronizada nos meus personagens é que todos tem carga emocional muito dramática. O BG SEMPRE tem alguma coisa relacionada à família. Eu já tentei sair desse padrão, mas é difícil. O que move meus personagens é sempre o desejo por vingança daqueles que fizeram algum mal para suas respectivas famílias.

Eu ainda almejo fazer um personagem dócil, agradável, que esteja procurando justiça e felicidade para todos, não só para seus desejos pessoais. O que, convenhamos, perderia toda a graça. Mas ainda quero fazer um que fuja dos meus padrões.