Autor Tópico: E o soldado, faz o que?  (Lida 6148 vezes)

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Re:E o soldado, faz o que?
« Resposta #15 Online: Junho 06, 2012, 02:49:52 pm »
OFF (e último, pra não desvirtuar o tópico. Se quiserem, podemos discutir isso num outro)

Bispo, acho que "foot soldiers" seriam o exemplo: http://en.wikipedia.org/wiki/Infantry

Eu não tinha visto ali o exemplo do selvagem, cara. Eu estava pensando em dar habilidades permanentes (mas curti o conceito) sem o gasto de nada (PF são pontos de fadiga, certo?).

Então, Madrüga, existe uma sim uma "infantaria" até certo ponto regular - o Império Romano do Oriente e suas legiões não deixaram de existir, ou mesmo algumas tropas árabes (presentes na península ibérica após o avanço muçulmano a partir de 711). A questão, na verdade, é questionar esse imaginário  do período medieval que foi consagrado por uma historiografia/literatura onde os cavaleiros/romances/princesas tomam lugar. Essa Idade Média bucólica e pitoresca é mais resultado de exercícios imaginativos do que rigor histórico.

Uma boa obra recente (2007) que quebra alguns desses paradigmas interpretativos é A Cavalaria - Da Germânia antiga à França do século XII , do historiador francês Dominique Barthélemy. A tradução para o português saiu em 2010 pela Editora da Unicamp.

Offline Madrüga

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Re:E o soldado, faz o que?
« Resposta #16 Online: Junho 06, 2012, 04:00:52 pm »
Mas, velho, é D&D.
"If there are ten thousand medieval peasants who create vampires by believing them real, there may be one -- probably a child -- who will imagine the stake necessary to kill it. But a stake is only stupid wood; the mind is the mallet which drives it home."
-- Stephen King, It (p. 916)


Offline Vincer

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Re:E o soldado, faz o que?
« Resposta #17 Online: Junho 06, 2012, 08:01:46 pm »
Tinha um termo em inglês para os 'soldados improvisados', aldeões e etc convocados e colocados nos frontes de batalha. Sempre houveram exércitos oficiais, soldados mesmo, mas a partir de um período eles foram reduzindo cada vez mais em prioridade a mercenários porque são um problema fora de tempos de guerra. Era comum dispensar parte do serviço, que depois voltava a ser convocada... esse pessoal dispensado, sem as mesmas qualidades de artesãos ou que não tinham obtido qualquer pedaço de terra acabavam preferindo largar isso e se juntar a um exército sempre em ação para ganharem algo e aposentarem logo; Daí o crescimento dos exércitos mercenários.

Soldados de elite também sempre existiram, em menor frequência, alguns similares a cavaleiros, em outros casos eram os cavaleiros em sí.

Aldeões>mercenários>soldados permanentes>cavaleiros (ordem 'genérica' de proporção, do maior para o menor, e de relevância, do menos importante para o mais importante)


Vou jorrar idéias, tipo um brainstorm, não entendo bem o sistema(e o que quer fazer) mas talvez elas ajudem a ter outras idéias. talvez só agregar algumas como uma ou enfiar bônus adicionais no meio se preciso:

*armas de cerco*
-Bônus com armas de cerco

-Recarregar mais velozmente armas de cerco

*construções*
-Acampamento: rapidamente sabe escolher e montar um acampamento 'de verdade', apropriado, e sabe guiar ajudantes para ajudá-lo a armá-lo(se o tempo for importante). Posição estratégica, pequena vala, etc. Traz alguma vantagem em combate ou reduzir os efeitos de um ataque surpresa.

-Barricada: reforçada, improvisada, qualquer coisa como mesas a carroças. Se houver material melhor ou tempo de sobra há um incremento na qualidade dela(1 incremento por tempo, outro por material). Também inclui reforçar portões.

-Paliçada/Posto improvisado: totalmente inspirado nos legionários romanos que montavam numa tarde um posto improvisado ou melhor se o tempo permitisse. Quase um mini-forte com uma boa vala(cavada com escudos mesmo), uma cerca simples mas bem armada, estacas contra cavalaria nas poucas entradas... o personagem sabe como fazer e como instruir; Uma fórmula para tempo x pessoal não faz mal a ninguém, já que não é o tipo de coisa usada com frequência.

*Observação*
-Sono reduzido como já comentaram

-Contar: sabe de ouvido uma quantia e tipo aproximado de tropas em movimento. Colocando os ouvidos no chão(definir uma área) pode perceber se há grandes movimentações se aproximando ou afastando, se são tropas leves ou pesadas, cavalaria ou não, quem sabe orcs ou outra coisa fantástica(pelo jeito que pisam ou se arrastam) ou se é algo grande, bípede ou não. Se estiver próximo o suficiente para ouvirem sem recorrer ao ouvido no chão consegue números mais aproximados; E se puder enxergá-los consegue identificar rapidamente todo tipo de unidade(leves, alabardeiros, arqueiros, etc) e números praticamente exatos. Se bobiar sabe perceber se estão cansados pela marcha ou não.

-Guarda: Sabe como batedores e espiões costumam agir, que rotas e posições lhes servem ou são prioridade... vantagens quando fica de guarda e pode escolher uma área de foco; Qualquer intruso ou batedor que tente passar pela área focada é automaticamente percebido.

-Recrutador/identificação: já esteve em posição de supervisionar tropas. Sabe reconhecer nível, classe, especializações e 'saúde' de toda sorte de combatente, além de ter uma noção aproximada de seu background. Um nobre, alguém de família militar, um plebeu, um mercenário... todos têm diferenças na postura e na técnica que não enganam, seus estilos de combate também denunciam a provável origem. Você ganhou uma sensibilidade em notar quando tropas estão ou não aptas para o combate, e pode notar vitalidade e healing surges restantes. Talvez algum bônus em defesa por saber melhor o que esperar de um inimigo.

*Gerais*
-Bom soldado: você já esteve a serviço de muitos e diferentes lordes, e aprendeu como se tornar confiável. Você rapidamente saca como melhor obedecer diferentes líderes, quando deve oferecer ajuda ou manter posição, como menear a uma ordem, como se tornar o modelo ideal que cada general prefere. E isso salvou sua vida até então. Blah blah, bônus social com hierarquia (acima).

-Soldado com orgulho: sinceramente é algo que todo arquétipo deveria ter automaticamente(ao meu ver); Um bônus social com os de mesmo arquétipo. Coleguismo da profissão.

-Irmãos de espada: Você aprendeu a confiar nos homens de seu esquadrão, eram mais sua família do que aquelas pessoas distantes que te pariram. Um por todos e todos por um e toda aquela coisa. Quem já lutou ao seu lado  são seus irmãos, e ninguém se mete com sua família. Ganha bônus social ao interceder por irmãos de batalha, e bônus em dobro em intimidação contra quem ferir(não apenas fisicamente) um dos seus.

-Invasor: Você com frequência era enviado com a trupe de assalto. Sabe o dc de qualquer portão e muralha, seja para escalar, arrombar ou demolir e ganha um bônus nisso. Ganha evasão com armadilhas ativas de defesa, que é bem diferente de armadilhas normais: você sabe quando os inimigos do outro lado decidirão o melhor momento de ativá-la, sabe que ações e posições te colocam em risco de antemão. Sucesso automático ao lidar com mecanismos relacionados, seja uma armadilha ou as engrenagens de uma ponte levadiça.

-Lar amargo lar: você viveu mais em campos de batalha que numa casa. Você conhece toda a coisa bem demais, todos os ranks, os tipos de sinais, todo o sistema de máquinas de guerra. As línguas mudam, os países, a coragem dos homens... mas a guerra não tem raça ou credo, e há coisas que nunca mudam, tão familiares a você. Você rapidamente identifica em que nível da cadeia alimentar(digo, hierárquica) um soldado está mesmo que nunca tenha encontrado um exército dessa cultura, e sabe se encontrar em qualquer acampamento. A guerra tem uma ciência simples que todos seguem, você sabe onde pode estar a tenda dos oficiais, dos arqueiros, da ralé, onde estariam as armas e armaduras de reserva, onde estariam as armas de cerco ainda não montadas, os tipos de padrão em turnos de guarda... também sabe identificar como toca cada exército; Se vestir as cores de um exército você se mistura em suas fileiras como se sempre estivesse ali.


-Menor desvantagem por carga; Isso que dá entrar em esquadrões de assalto, nenhuma carroça para levar armas e suprimentos e um capitão que te açoita ou mata se você atrasar o bando.

-Serve: tu era soldado, não um riquinho com armaduras feitas sob medida. Se o capacete era apertado demais e a malha grande demais você tinha que se virar e sem reclamar. Pode usar equipamento 1 tamanho acima ou abaixo do seu sem desvantagens.

-Fica revigorado com qualquer refeição, qualquer coisa é banquete perto de comer as próprias botas e carne dura de cavalo.

-Um homem(ou mulher), muitos exércitos: Você já lutou pelos mais variados lados... ok, nenhuma idéia aqui mas seria bacana algo que representasse a experiência de um mercenário.

-Dibs! Depois de toda batalha é a hora do loot, a corrida para encontrar os melhores espólios primeiro. Bônus em loot e ou identificar loot interessante a distância.

-Coleção: você não pegou a vantagem de cima então aprendeu a reconhecer o valor de outros tipos de 'tesouro'. Você tem uma coleção de suvenires de batalha, brasões recortados, anéis-selo de diferentes clãs, itens de valor pessoal de cavaleiros mortos em batalha, cartas de guerras antigas(com assinaturas), um cabo de espada com os escritos 'Rise and rise again, until lambs become lions.', enfim, toda sorte de coisas. Quando algo desse tipo puder vir a calhar role um teste com 60% de chance, se suceder você tem algo que sirva.

-Sobrevivente: manobra, a melhor tática de todo soldado veterano 'fingir de morto'.

-Você perdeu 3 dedos em cada mão, uma orelha e tem meio sorriso até a outra. Você pode falar 'uma doação para um herói de guerra inválido?' e conseguir 1d4 moedas de cobre por pessoa, quem recusar você pode repetir com mais ênfase e rolar intimidação com +5 para conseguir 1d4 moedas de prata.

-Você tem filhos e 'ex-mulheres' em praticamente cada canto do continente. Nada demais, só alguém que participou de campanhas longas e torrava toda a grana pelas tabernas e com vadias que iam ao acampamento. Você tem 30% de chance por cidade de ter contatos nos bordéis, se rolar 20 vc tem mais de um filho(gêmeos e tal). Antes ou depois(ao rigor do mestre) de conseguir ajuda ou informações com eles você precisa enfrentar desafio de perícia para lidar com um dos seguintes obstáculos:
A)EU CRIEI ELES SOZINHA E TU NUNCA PAGOU NADA!
B)Se sou seu filho por que você nunca apareceu? (drama)
C) O moleque cresceu só ouvindo sobre ti e agora qué seguir a mesma carreira do safado do pai e tu vem me dizer que não leva ele? O sonho do menino é ser cavaleiro!

-Bônus de ataque e social contra arqueiros. Você largou a carreira por causa de um, ainda carrega a flecha desgraçada que lhe atingiu o joelho.

-Bônus em imobilização, você sabe, toda aquela coisa de invadir, pilhar, estuprar... ok, melhor parar. Sem mais idéias.

Re:E o soldado, faz o que?
« Resposta #18 Online: Junho 06, 2012, 08:54:38 pm »
Sou o único que acha que a maioria dos conselhos são "mundanos" demais e muito focados na mentalidade "Soldado não faz coisas incríveis"?

Re:E o soldado, faz o que?
« Resposta #19 Online: Junho 06, 2012, 10:07:52 pm »
Mesmo assim, gostei bastante de algumas coisas. Inclusive acho que dá para socar algumas destas características em talentos. E, junto com outras dicas do pessoal, deu para dar algumas boas ideias (na verdade acho que no final vai ser o tema com mais habilidades XD)

Re:E o soldado, faz o que?
« Resposta #20 Online: Junho 07, 2012, 12:11:01 pm »
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Tinha um termo em inglês para os 'soldados improvisados', aldeões e etc convocados e colocados nos frontes de batalha.
"Levy". 

Num contexto medieval europeu "soldados" eram camponeses com enxadas, garfos de limpar feno, e lanças de cabo de vassoura que iam a guerra para defender seus lares. Nesse contexto as qualidades que associamos hoje com soldados - disciplina física, mental, hierárquica, etc - simplesmente não existia. A exceção a isso era:

1. Império Bizantino, que possuía uma força militar treinada e pronta pra defender o império a qualquer momento (um legado do império romano). (inclusive li que era comum os europeus ocidentais chamarem os bizantinos de viadinhos e afeminados - não é que eles eram viadinhos, é que eles prezavam por disciplina e consciência tática ao invés de força bruta e agressividade, como a contraparte ocidental fazia.)

2. Ordens sagradas militares: Cavaleiros Hospitalários, Templários, Teutônicos, etc. Esses caras eram badass.

3. (alguns) grupos mercenários. Muitos usavam mais de ferocidade e intimidação do que disciplina e consciência tática - um exemplo é a famosa (e temida) Varangian Guard, composta em sua maioria por nórdicos/vikings que davam tanto trabalho pro inimigo quanto pro empregador (faziam uma puta baderna em tempos de pais).


No mundo árabe provavelmente a coisa era diferente. Mas nunca li nada a respeito.

P.S: quem quiser um curso rápido sobre o assunto é só jogar Crusader Kings 2 de PC.  :) 
« Última modificação: Junho 07, 2012, 12:14:24 pm por silva »
The traditional playstyle is, above all else, the style of playing all games the same way, supported by the ambiguity and lack of procedure in the traditional game text. - Eero Tuovinen

Re:E o soldado, faz o que?
« Resposta #21 Online: Junho 07, 2012, 12:18:00 pm »
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Num contexto medieval europeu "soldados" eram camponeses com enxadas, garfos de limpar feno, e lanças de cabo de vassoura que iam a guerra para defender seus lares. Nesse contexto as qualidades que associamos hoje com soldados - disciplina física, mental, hierárquica, etc - simplesmente não existia.
Pode até ser, mas estou me referindo ao arquétipo de soldado da fantasia medieval, que todo mundo sabe que é beeem nada a ver com a verdadeira era medieval.

Enfim, acho que ficou legal até (obviamente as habilidades que realmente serão úteis são veterano e plano de ataque):

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Offline Barão

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Re:E o soldado, faz o que?
« Resposta #22 Online: Junho 07, 2012, 12:19:05 pm »
Pois é, minha noção é mais ou menos essa do Silva, por isso eu tinha feito meu comentário... Na época da revolução francesa que de fato começou exércitos profissionais civis e tal...


Mas hoje em dia tem tanta revisão historiográfica que né...

Offline Malena Mordekai

  • Malena Mordekai Transphinx
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Re:E o soldado, faz o que?
« Resposta #23 Online: Junho 07, 2012, 01:44:23 pm »
Só vou registrar uma conversa minha com o Iuri, a respeito de habilidades fora de combate:

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esse teu topico me lembrou uma coisa q rolou comigo logo no começo de jogar 4e

há 5 minutosArthur Ferreira Jr.
cara jogava com warlord
e ele me pediu pra identificar oponentes com a função de líder
através da experiência dele como líder militar
e obviamente não tinha nem perícia pra emular isso.
eu achei condizente e mandei fazer um teste de Inteligência, mas foi totalmente ad hoc

há 4 minutosIuri Freytag
também poderia ser percepção
mas entendi

há 3 minutosArthur Ferreira Jr.
tb podia ser.
mas nem lembro se é perícia de warlord e principalmente
Int representa a estratégia dele
até pq o warlord de build estrategista usa Int como secundário
percepção ou melhor -- Intuição
hj em dia eu mandaria jogar um ou outro
afinal são baseados em atributos diferentes
mas num rpg diferente, haveriam perícias ligadas a isso
porra o next tem... Heráldica como perícia

Com o sistema do Iuri eu não teria esse problema, por mais que improvisar uma capacidade seja "legal".
DEVORAR PARA DECIFRAR
DEVOUR TO DECIPHER

https://www.furaffinity.net/user/transphinx/

interesses rpgísticos atuais: FATE, DnD 5e, GUMSHOE System, DnD 4e, Storytelling System (CoD), Powered by the Apocalypse, UNSAFE