Desbravadores - No Limiar da Singularidade
"Tudo é a gravidade. É a gravidade que une os corpos e foi ela quem permitiu a vida se manifestar. É a gravidade que formas as estrelas e galáxias, e é ela quem no fim nos destruirá."
Estas foram as últimas palavras de nosso professor conselheiro na cerimônia de formatura. Um conceito tão básico, que mesmo sem ter sido proferido por nenhum outro professor durante o curso, nós já sabíamos. Engraçado como aquele idoso senhor careca e corcunda, uma das maiores mentes de mecânica quântica, pôde ser tão aplaudido por dizer algo tão simples. Algo que agora eu vivo em meu corpo.
São tantos pensamentos unidos, tantos desbravadores, tantos tripulantes, tantos animais e seres desconhecidos, entrando e saindo de minha mente e eu das deles, que não consigo focar um pensamento por mais que alguns instantes.
Será que é isso? Nosso corpo vira uma única entidade, mas nosso consciência é coletiva? Será que é isso que ocorre quando tentamos nos aproximar do horizonte de eventos? É assim que vivemos uma não vida quando somos tragados pelo maior exemplo da força da gravidade? Terei a eternidade para descobrir.
- Alunos, entendemos que nossa galáxia é coordenada por uma massivo buraco negro em seu centro. É este buraco negro que mantém a estrelas dispostas da forma como hoje estão. Só não sabemos o que forma e de que realmente consiste seu interior. Alguns que para lá foram, talvez já saibam. Conseguirão eles retornar para nos ensinar? Ninguém nunca retornou e espero que suas vidas não tenham sido em vão. - conclui o velho professor, hoje em uma cadeira de rodas, em sua última aula, relembrando aquela turma de formandos que partiu há doze anos sem nunca voltar.