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SIMETRIA MACABRA: Material de Jogo para RASTRO DE CTHULHU

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Malena Mordekai:
É, eu sei que estou devendo (prometi a mim mesmo) mais coisas para o tópico do Mythos de Cthulhu para D&D e Storytelling...
http://spellrpg.net/home/design-desenvolvimento/mythos-de-cthulhu-para-dd-4e-e-sistema-storytelling/

Mas andei tendo várias inspirações e ideias novas para o cenário mais padrão, e escrevi e reescrevi alguns contos no processo. Na verdade, os contos independem do RPG, e eu estou passando alguns elementos -- como tomos, divindades, cultos, criaturas, etc. -- para o sistema GUMSHOE, que é aquele usado em RASTRO DE CTHULHU.

Portanto, inaugurarei este tópico com o começo da primeira leva de NOVOS TOMOS... notem que os pontos de potencial de Magia são do suplemento Magia Bruta (Rough Magicks), que este ano ainda deve aparecer em português, pela RetroPunk. Se você não tem acesso a esse livro, simplesmente ignore as menções e trate os feitiços inclusos nos tomos da maneira costumeira, isto é, inserindo os rituais e encantamentos que forem necessários para o andamento da história.



Asrar Douda Haka Mafhmitikch,
por um alufá desconhecido (1833; Árabe e Hauçá)
No Brasil, durante a época das revoltas de escravos islâmicos do século XIX, um alufá (termo usado tanto para sacerdotes islâmicos quanto animistas) pouco ortodoxo registrou uma tradução de vários capítulos do De Vermis Mysteriis em sua língua haúça, utilizando caracteres arábicos, e acrescentando comentários admoestatórios, entremeados por certas citações em árabe, que seriam tiradas do Al-Azif, o original do Necronomicon. O livro pode ser tanto uma farsa, traduções a partir de trechos desses livros em latim, quanto uma apropriação das fontes do feiticeiro Ludwig Prinn, quando este viajava no Egito. De todo modo, os comentários do autor possuem um certo valor próprio, pois dissertam sobre vários cultos que tentam passar despercebidos entre as religiões mais aceitas, além de indicar uma certa Chave da Profecia, para supostamente decifrar os documentos mais arcanos desses cultos.

O alufá, cujo nome não é mencionado no manuscrito, alterna de maneira bizarra vieses islâmicos com certos conceitos animistas de matriz afro, levando os poucos estudiosos do livro a conjeturar se na verdade o Asrar Douda Haka Mafhmitikch não teria mais de um autor. Entre esses pontos de vista sincréticos vê-se a ideia da condenação dos “antigos espíritos estrelados”, tanto pelos ancestrais orixás quanto por Alá, chegando ao ponto de afirmar que na Pedra da Caaba, em Meca, e em certos outros locais sagrados, estariam selados esses grandes espíritos malignos, que deveriam sempre ser mantidos adormecidos, através dos ritos e observâncias apropriados.

A Leitura Superficial fornece dois pontos de reserva dedicados para Criptografia, Ocultismo e Teologia (à escolha do jogador, no momento do uso). A Leitura Detalhada concede + 1 para a Habilidade Mythos de Cthulhu, ou +2 se o Guardião decidir que as citações em árabe foram de fato copiadas diretamente do Al-Azif. Também fornece 2 pontos de potencial de Magia, ou 3 pontos, se a alegação for verdadeira.


Calendairo d'O Ladram de Sinas,
por D. Madalena, a Guanche (1352; Português)
Se não foi denunciada pela Inquisição, o Calendairo d'O Ladram de Sinas, ou Calendário do Ladrão de Sinas, no português atual, foi uma obra extremamente malvista, por pelo menos duas razões. Os poemas trovadoristas em seu interior são cantigas de amigo que descambam facilmente para cantiga de escárnio, sem respeitar as regras do gênero e terminando os versos em imagens extremamente lúgubres para esse estilo cavalheiresco. A outra razão é que as cantigas de amigo têm sempre o eu lírico feminino, mas foram todas escritas por homens, enquanto o Calendário foi escrito por uma mulher real. Os versos cantam as lendas de uma entidade que ronda as estradas desertas e os prédios vazios, e tem o condão de fazer profecias. Infelizmente a entidade se mostra cada vez mais maliciosa no decorrer dos versos e percebe-se que ela mais altera e dita as sinas daqueles que entram em seu caminho, ao invés de apenas vaticinar: o livro termina com uma cadeia sucessiva de mortes por toda a Terra, de pessoas marcadas pelo Ladrão de Sinas.

O livro é notório por conter uma série de erros de ortografia (alguns até mesmo transformando, por uma curiosa coincidência, palavras do português arcaico em aparente português atual) que só estão presentes nas primeiras cópias impressas, ou nos manuscritos. Se uma chave criptográfica específica, conhecida como Chave da Profecia, for aplicada à métrica dos versos, um texto oculto é revelado; mas esse texto só aparecerá a partir das cópias com os erros propositais, e não nas cópias posteriores que corrigiram essas variações. As palavras ocultas revelam descrições eruditas do Ladrão de Sinas, uma divindade de má sorte, bem como outros seres terríveis, de nomes como Cattulo e Rei das Folhas Secas; e procedimentos rituais exatos para invocar e prender entidades “do além” através de geomancia e arquitetura sagrada. Praticamente todos os manuscritos e cópias relevantes conhecidos estiveram nas mãos da Ordem de Cristo até por volta do final do século XVIII, e depois disso foram dadas como perdidas, em dois incêndios estranhamente simultâneos em propriedades da Ordem, no Brasil e em Portugal.

A Leitura Superficial de uma das poucas cópias primordiais deste livro, ou um de seus ainda mais raros manuscritos, fornece dois pontos dedicados para qualquer Habilidade Investigativa (à escolha do Guardião) que envolva profecias e coincidências fatais; e se o texto secreto for decifrado, também para geomancia e as prisões dos Grandes Antigos. A Leitura Detalhada concede +2 para a Habilidade Mythos de Cthulhu e 3 pontos de potencial de Magia, se as cifras forem quebradas. Se a Chave da Profecia não estiver disponível, alguém que já tenha as Habilidades Arte e Magia pode assim mesmo aproveitar os pontos de potencial.



O material de contos que inspira estes materiais está na pasta e no blogue:
http://pt.scribd.com/collections/3721652/Simetria-Macabra-Cronicas-do-Mythos-de-Cthulhu
http://simetriamacabra.blogspot.com.br/
Enquanto aqui podem ser encontradas várias traduções de outros autores como HPL, Robert Bloch, August Derleth, Clark Ashton Smith e Ramsay Campbell:
http://dominiopublicano.blogspot.com.br/

Frost:
Recentemente adquiri o livro "Rastro de Cthulhu" e, muito embora Storytelling seja meu sistema preferido, gostei muito de várias sacadas do Gumshoe, mas o que mais me agradou no sistema foi a compilação dos tomos e das informações sobre os Mythos.
Quanto aos livros que você apontou, achei muito bem trabalhados e aguardo o restante.

Malena Mordekai:
Dá pra vc adaptar muita coisa e usar o sistema Storytelling pra mestrar o Mythos, se vc prefere ele... recomendo muito checar o livro Second Sight nesse sentido, além do Intruders - Encounters with the Abyss e Summoners, de Mago; Blasphemies de Lobisomem; e ***talvez*** Belial's Brood, Ordo Dracul, Circle of the Crone e principalmente Mythologies, pra Réquiem.

Quanto à parte do Mythos... sim, e mais ainda gosto das descrições quase pós-modernas das divindades. São bem contraditórias o que rende MUITA história e MUITO pano pra manga.
Eu dei mais uma parada nesses materiais de jogo apenas pq estou começando um Play by Forum de Rastro, com a campanha Arquivos Armitage: o sistema GUMSHOE é excelente pra jogar em fórum ou playbymail.

Frost:
Pois é, dei uma pesquisada no material de Storytelling, mas vou utilizar o GUMSHOE para testar o sistema pela internet. Espero que ele funcione bem.

Malena Mordekai:
Sefer Bazelet, por Aviel bar Chagai (Supostamente do Século VII ou XIII; Hebraico)
Descrevendo os segredos de seres antediluvianos, sobreviventes de Criações anteriores, este tratado de misticismo hebraico, o Livro de Basalto, pode ter sido escrito por cabalistas medievais, ou então por um contemporâneo, inspirador ou mestre do árabe Ibn Schacabao (citado várias vezes no Necronomicon). O nome do livro faz alusão a torres de basalto ocultas nas profundezas da terra, em grandes cavernas-mundo, e em planetas distantes como Yuggoth. Essas construções seriam formações “naturais,” no sentido de não serem construídas e sim derivadas da existência de monstruosos seres antigos, uma espécie de criatura semimaterial que dominou no passado da Terra e de outros planetas. O autor compara o material dessas torres, as quais descreve em detalhes durante suas viagens subterrãneas, com recifes de coral, revelando assim conhecimento anacrônico de biologia.

Os seres que ainda permanecem nessas criptas de basalto odiariam a luz com todas as forças, e temeriam o Elixir Tikkoun, e deveriam ser no fim das contas abominados como aberrações de fora de nosso cosmos criado por Deus. O livro descreve, paradoxalmente, certos ritos e procedimentos de comunhão indireta com esses seres e suas “larvas”, e é nesse ponto do livro que surge o nome do autor, Aviel bar Chagai. É possível que esse nome seja falso e apenas uma referência a uma ascendência alienígena do autor, pois “Aviel” significa “Filho de Deus”, enquanto “bar Chagai” poderia ser lido como “filho do festival”, ou seja, alguém concebido durante culto a uma divindade obscura. Não surpreendentemente, o Sefer Bazelet foi estudado pelo judeu herege Natã de Gaza, que traduziu o Necronomicon para a sua língua.

A Leitura Superficial do Sefer Bazelet fornece 2 pontos dedicados para qualquer Habilidade Investigativa (à escolha do Guardião) relacionada a Kabbalah, aos pólipos voadores e outras criaturas e civilizações subterrâneas. A Leitura Detalhada concede +1 para a Habilidade Mythos de Cthulhu e 3 pontos de potencial de Magia.

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