Autor Tópico: Tesouros e Dragões  (Lida 1649 vezes)

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Offline Ciggi

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Tesouros e Dragões
« Online: Outubro 24, 2013, 12:22:15 pm »
Mais um dia tranquilo na cidade Samimo, homens simples andavam pelas ruas enquanto vendedores, dos mais honestos, apresentavam sem muito alarde seus produtos. Foi então que uma sombra que cobria o sol passou pela cidade, moradores assustados olhavam para o céu e corriam para suas casas, um urru grutal imbutil medo no mais corajoso soldado Samimoano. Então a besta pousou em uma larga rua, seus olhos bestiais analisavam cada casa em busca de uma presa, e embora muitas pessoas ainda corressem pelas ruas ela continuava sua captação, ate que subitamente ela para e o que alguns moradores no futuro descreveriam como um "sorriso diabólico" ela levanta seu longo pescoço, inspira por um longo tempo todo o ar possível, e sopra o mais puro fogo sobre uma residencia, vazia graças aos deuses.

Tão subitamente como chegou a fera se vai, os pacatos e felizes habitantes de Samimo agora se encontram em uma terrível situação. E quando o mais esperançoso Samimoano já esperava o mais terrível dos destinos, eis que uma figura aparece na cidade, um homem com uma brilhante e reluzente armadura caminha pela cidade indiferente aos olhares, a bainha de sua espada tinha a ponta arranhando o chão, sua capa vermelha flamulava ao vento nas raras vezes que não estava sendo arrastada pelo chão, e seu helmo tinha a forma de um dragão!

Todos seguiram o homem ate a taverna, seu andar firme e calmo o levaram ao balcão do taverneiro Helman, um homem simples de olhos pequenos e espesso e frondoso bigode, ele analisa a figura de armadura a sua frente e se nem mesmo a fúria do mais terrível dragão o fez abandonar seu posto, não seria um homem coberto ate a cabeça de aço que o faria se impressionar. Mas Helman ouviu um murmurio vindo de seu curioso fregues e em duvida se aproximou para tentar escutar, algo mais desconexo que as primeiras palavras de um bebe e mais abafado que os gritos de paixão de uma donzela siam daquela caixa de metal, todos no bar aproximavam-se ao máximo para tentar entender ate que cansado de se repetir ele retira seu helmo e o coloca sobre o balcão revelando um homem se não belo, ao menos feio, de cabelos enrolados e sujos, dentes tortos e um sorriso encantador

- "Uma garrafa do seu leite mais forte por favor!"
- "Mas não servimos garrafas de leite aqui!"
- "Então num copo homem, num copo que seja. Quem eu preciso matar aqui para ter um maldito copo de leite?" - Esbravejou o homem de lata
- "Aqui, um copo de leite!"
- "Leite... forte?" - Indagou o forasteiro
- "Leite da vaca mais forte da cidade!"
- "Deve servir - Tomou um gole de leite batendo de ombros

Um homem baixo, velho, com roupas bem arrumadas, e uma bengala se aproximou, seus olhos caídos e seu sorriso desdentado eram quase mais feios que o estranho a quem todos curiosamente olhavam.

- "Olá!" - Disse o velho numa voz rouca e... velha
- "Olá!" - Respondeu sem muito interesse o homem ainda tomando seu copo de leite
- "Me chamo Horacius Primeiro, seu o prefeito da cidade, gostaria de lhe dar as boas vindas em nome de todos os Samimoanos"
- "Prefeito hã?" - O homem respondeu se arrumando, se é que isso era possível enquanto se virava e mostrava um sorriso que deixaria o mais forte e temerário soldado com medo - "Me chamo Sir Espadalote, o cavaleiro do coração de fogo, as suas ordens"

Todos no recinto inclinavam seus pescoços um pouco para a direita enquanto analisavam com curiosidade um pequeno bigode branco de nata que estava sob os lábios do cavaleiro do coração de fogo. Então uma voz na multidão questiona - "Onde está seu cavalo cavaleiro?"

- "Cavalo? Que cavalo?" - Exclamou Sir Espadalote
- "Se é um cavaleiro, deveria ter um cavalo!" - Responde outra voz ao fundo
- "Por quê?" - Ainda em duvida questiona Coração de Fogo
- "Porque é esperado que um cavaleiro tenha um cavalo!"
- "Isso é dado como certo?"
- "Pois é claro que sim, tanto quando deveria um guerreiro ter uma arma"
- "Ah, entendo a confusão que vocês fizeram. Eu sou um cavaleiro, não um guerreiro"
- "Mas cavaleiros também não são guerreiros?"
- "De certo que são!"
- "Então és um guerreiro e não um cavaleiro, correto?"
- "Não, não, não, sou um cavaleiro, não um guerreiro, já disse isso antes!
- "Pois parece mais um guerreiro que um cavaleiro já que tens armas mas não um cavalo"
- "E se tivesse eu cavalo e não armas seria oque?"
- "Um mensageiro talvez?"
- "E mensageiros tem armas por acaso?"
- "Não de costume!"
- "Então acho que concordamos que sou final um cavaleiro!"

Tão indignado quando os Samimoanos estavam confusos sir Espadalote tornou a voltar sua atenção para o balcão

- "Bem, desculpe-nos pelas questões cavaleiro, digo guerreiro, digo mensageiro, digo..." Fez uma pausa enquanto esperava uma resposta de Espadalote
- "Cavaleiro!"
- "Isso, Cavaleiro Espadalote..."
- "Sir Espadalote!"
- "Desculpe, Cavaleiro Sir Espadalote, como eu..."
- "Coração de fogo!"
- "Claro, claro, Cavaleiro Sir Espadalote coração de fogo, nos..."
- " O guerreiro dos deuses!"
- "Cavaleiro Sir Espadalote coração de fogo, guerreiro dos deuses" - Respirou fundo e aguardou
- "Mensageiro da morte!"
- "Cavaleiro Sir Espadalote coração de fogo, guerreiro dos deuses, mensageiro da morte... mais alguma coisa?"
- "Não, não só isso!"
- "Então como eu dizia Sir..."
- "Você esqueceu..."
- "TÁ TÁ TÁ, Cavaleiro Sir Espadalote coração de fogo, guerreiro dos deuses, mensageiro da morte." - Olhou com certa raiva o cavaleiro que tomava cabisbaixo seu leite - "Gostariamos de saber se dentre suas proezas está matar dragões!"
- "Dragões? Ora, essa é minha especialidade!"- O cavaleiro se vira limpando o bigode de leite e tirando do bolso ele mostra uma enorme e mal acabada faca feita com a unha de um dragão - "Um mimo que gosto de usar para matar minhas presas!"

Todos olhavam admirados para a faca, enquanto o Cavaleiro Sir Espadalote coração de fogo, guerreiro dos deuses, mensageiro da morte, ria de uma forma medonha e assustadora de si mesmo antes de tomar uma golada de seu copo ganhando um novo bigode branco

- "Foi a providencia divina que o trouxe aqui hoje então, poderia tão poderoso cavaleiro derrotar a fera que nos ameaça?"
- "Claro que sim, não existe no mundo criatura viva ou morta que eu não possa matar!"
Um homem confuso começa a perguntar - "Mas se ele já está morto como faria para..." - Ele foi interrompido pelo prefeito que queria evitar uma nova discussão filosófica
- "Diga-nos qual seu preço então Cavaleiro Sir Espadalote coração de fogo, guerreiro dos deuses, mensageiro da morte"
Com os olhos brilhando Espadalote olha para o prefeito - "Isso depende, quanto vocês tem ai?"

No dia seguinte, no bater do relógio ao meio dia estava Sir Espadalote na praças sentado com seu helmo posto de lado no que surge a sombra da temível fera. Ela voa algumas vezes sobre a cabeça de Espadalote que fica indiferente mesmo com seus urros, então quando ela pousa a sua frente e rosna para o cavaleiro/guerreiro/mensageiro, seus olhos se encontra homem e besta, e é nesse momento que o dragão vira levemente o pescoço para direita enquanto repara o bigode de nata do cavaleiro, ele não perde tempo saca sua espada e pula em direção ao animal que toma o golpe certeiramente em seu focinho, um urro de dor agudo e terrível se espelha pela cidade enquanto ela cai no chão diante dos olhos de todos.

- "Fantástico Sir Espadalote, fantástico!" - Exclama o prefeito enquanto se aproxima - "Parece-me obvio que sua perícia fez jus a toda fortuna da cidade, e digo mais, ao inves de 10 donzelas o senhor poderia ter outras 20 das mais belas e virginais Samimoanas!" - As palavras do prefeito atingem como uma flecha negra e gelado o coração de algumas mulheres que estavam em um canto consolando 10 donzelas que choravam copiosamente.

- "De certo que se fui tão eficaz o senhor poderia me dar um pequeno bônus não?"
- "Sim, obviamente que sim, quando retirarmos o couro do animal, assarmos sua carne e criarmos de seus ossos ferramentas e utensílios poderás ficar com o que quiser, e obviamente as damas de que falei" - Algumas mulheres já corriam desesperadas
- "Espere, você vai fazer oquê?" - gritou atônito Espadalote
- "Acho que não reparou quando comprou, mas olhe em sua faca, bem no canto da lâmina!"
Espadalote pega a faca enquanto pequenos e reptilianos olhos pareciam prestar atenção na situação - "FEITO EM SAMIMO!!!"
- "Sim, somos especialistas em manufatura de peças feitas de dragões!" - Enquanto o prefeito falava alguns homens já traziam laminas, caldeiras, e todo tipo de ferramenta necessária para transformar um corpo de dragão nos mais finos itens

Então, eis que o dragão se ergue e todos ficam paralisados, a criatura e o espantado cavaleiro se encaravam com olhos esbugalhados, alguns segundos do mais completo constrangedor silêncio se passaram ate que o prefeito o quebra

- "Sir Espadalote?"
- "Sim?"
- "O dragão esta vivo!"
- "Parece que sim!"
- "Então algo precisa ser feito"
- "Tipo oque?"
- "Acho que um golpe para torna-lo morto novamente seria o suficiente."
- "Mata-lo?"
- "Pois não foi para isso que o pagamos?"
- "Claro!"
- "Então?"
- "Então oquê?"
- "Acho que ele quer dizer que estou vivo ainda!" - Exclamou o dragão
- "Obrigado!" - Desabafou o Prefeito
- "Não tem de que"
- "Então...?" - Espadalote questionou ainda em dúvida
- "Com licença" - Pediu o dragão enquanto corria pelas ruas
- "Tem toda!" - Responde educadamente Espadalote
- "PEGUE ELE!!!" - A cidade inteira gritou

Espadalote correu atras do dragão fugitivo enquanto a cidade gritava furiosamente atras dele.

No final da noite o prefeito entregou ao ferreiro uma unha de dragão dada como prova da morte da fera para os Samimoanos, e enquanto o velho homem passava pela taverna onde as donzelas festejavam pela partida prematura e inexplicavel do Cavaleiro Sir Espadalote coração de fogo, guerreiro dos deuses, mensageiro da morte, o ferreiro pensava consigo mesmo

- "Que bom, nem preciso por a origem dessa faca que vou criar, já tem nela nossa inscrição: Feito em Samimo!"

Longe dali em uma caverna, Espadalote e seu amigo draconiano contavam os lucros

- "No futuro acho que podemos pesquisar qual a especialidade das cidades"
- "Por quê?"
- "Você sabe, para evitar qualquer  imprevisto"
- "Tipo qual?"
- "Não sei, mas acho que uma cidade onde esfolam, moem, e degolam dragões talvez não seja uma boa opção"
- "Será? Mas é se o dinheiro for bom?"
- "Melhor não, sabe, para evitar algum acidente"
- "Mas nunca nos acidentamos"
- "Sim, mas penso que podemos..."
- "Olha, deixa comigo ok? Eu sou o cabeça aqui, ta tudo sob controle!"

Fim!