Olá, meu nome é Felipe Soares da Silva, e há vários anos atrás eu comecei a escrever uma história chamada Através do Éter.
Isto começou como uma pequena série de contos para um projeto transmidia, que foram amarrados para se tornar o começo de um grande romance de cinco atos. E agora estou apertando o botão de reiniciar, estou pegando todas as peças do jogo e movendo para um tabuleiro diferente.
Por que estou fazendo isto? Talvez eu tenha sido sequestrado e substituído por executivos de Hollywood em um plano para fazer um reboot de todas as franquias existentes na franquia?
...Sim, mas isto não tem haver com este caso.
Como disse, comecei este projeto há anos, completando um único ato no primeiro ano, mas nos anos seguintes escrever se tornou uma tarefa lenta e incômoda. Nos anos seguintes eu mal consegui terminar dois capítulos.
Nos últimos anos eu fiz alguns avanços, mas todos eles envolviam fazer prefácios e desviar a história completamente de direção, e quando chegou a hora de voltar á trama principal voltava a escrever como uma lesma agonizando em um caminho de sal.
Isso me levou a perceber o que havia de errado: Eu não era mais a mesma pessoa que começou este projeto, e esta não era mais minha história.
Eu tinha dezessete anos quando comecei AdÉ, e desde então eu me tornei um escritor melhor, uma pessoa maior. Meus valores pessoais mudaram, minha percepção do mundo cresceu, o que eu considerava como importante para uma boa história mudou, eu descobri sofrer de depressão e comecei a trata-la, e tantas outras mudanças desde então.
A princípio eu quis jogar tudo ao vazio e começar projetos totalmente novos, ignorando tudo o que já foi feito no Círculo Delta, mas ainda tinha afeição demais por todo aquele universo e maior parte de seus personagens. Me inspirando nos meus mestres da floresta sagrada, arranquei todas as peças que gostava da história original e passei a usá-las para criar algo novo, algo mais adequado á minhas experiências atuais, uma narrativa mais maleável á que eu posso modificar quando quiser sem ter que queimar tudo e começar de novo.
A primeira grande mudança é o formato, ao invés de tentar outra grande aventura épica eu quero histórias pequenas e locais. Ao invés de uma grande viagem pela galáxia em uma história de cinco atos (uma viagem tão veloz quanto aquela lesma após passar pelo sal), eu quero trabalhar com contos ligados em pequenos arcos e passados (inicialmente) em um pequeno Porto-Lunar.
A segunda maior mudança é o tema de Através do Éter. Talvez seja pretensioso dar um ”tema” ao meu trabalho, mas estas histórias, mesmo sendo aventuras simples, acabam representando um pouco de mim e o meu estado emocional durante a escrita (e talvez até meu relacionamento com a depressão). A primeira vez que comecei Através do Éter a história girava ao redor de arrependimento, enquanto esta nova história (pelo menos em seu primeiro arco) é mais otimista e gira ao redor de reconstrução, de pegar os destroços que sobraram de sua vida e fazer algo novo.
Espero que aproveitem.